Páginas

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

UM NOVO OLHAR PARA AS ORGANIZAÇÕES - parte 3


Para mudar a maneira de ver o mundo, os fenômenos, as pessoas e suas relações, é preciso que você esteja disposto a mudar o seu modelo mental onde se acham arquivados os padrões referenciais de interpretar e dar significado à realidade que é observada. Como diz Carl G. Jung “o mundo não existe meramente em si mesmo, sua existência relaciona-se também à forma como ele se apresenta a mim.” E mais ainda, acrescento eu, a minha particular maneira de interpretá-lo e atribuir significados que promovem o sentido do que é percebido.
E aqui, talvez, resida a maior dificuldade – mudar duas vezes. Para mudar a maneira de olhar a organização é preciso mudar a concepção que temos de organização (o modelo mental).
As concepções podem estar ancoradas nas velhas abordagens conceituais, reducionistas da complexidade das organizações, que eram (e infelizmente ainda são) muito frequentes. A boa notícia é que elas estão, cada vez mais, perdendo consistência na explicação e orientação fornecidas pelos estudiosos e gestores em suas lidas diárias no tratamento dos fenômenos organizacionais.
Hoje, as fronteiras do conhecimento, antes tão bem delineadas e conhecidas, passaram a ser muito mais fluidas e instáveis e, na medida em que se interpenetram, mostram novas ligações e possibilidades de explicação até então desconhecidas. Existe um campo de muitas oportunidades para aqueles que realmente querem ‘olhar com novos olhos’.
Boa parte das novas concepções e modelos que estão surgindo já assume o novo paradigma. Como nos diz Humberto Mariotti, no resumo didático ‘Complexidade e Pensamento Sistêmico’ de seu livro “As Paixões do Ego: Complexidade, Política e Solidariedade”: 

"A complexidade não é um conceito teórico e sim um fato da vida. Corresponde à multiplicidade, ao entrelaçamento e a contínua interação da infinidade de sistemas e fenômenos que compõem o mundo natural. Os sistemas complexos estão dentro de nós e a recíproca é verdadeira. É preciso, pois, tanto quanto possível entendê-los para melhor conviver com eles. Não importa o quanto tentemos, não conseguimos reduzir essa multidimensionalidade a explicações simplistas, regras rígidas, fórmulas simplificadoras ou esquemas fechados de ideias. A complexidade só pode ser entendida por um sistema de pensamento aberto, abrangente e flexível – o pensamento complexo. Este configura uma nova visão de mundo, que aceita e procura compreender as mudanças constantes do real e não pretende negar a multiplicidade, a aleatoriedade e a incerteza, e sim conviver com ela."

Não restam dúvidas de que as formas tradicionais de gerenciamento não atendem as necessidades atuais dos gestores e são eles que, nas posições de liderança e comando das organizações, têm que dar respostas a estas demandas.
Mas cabe aqui uma constatação, proveniente da sabedoria de todos os tempos: mudanças sempre ocorreram, a história da civilização é o relato das mudanças trabalhadas pelo homem. Portanto, mudar é algo inerente à natureza humana, apesar da noção comum, tão disseminada, de que as pessoas resistem às mudanças.
Costumo tratar esta frase de modo diferente, pois acredito que as pessoas apresentam uma disposição inata para o aprendizado e por extensão para a mudança. As pessoas não resistem às mudanças, elas resistem à própria mudança.
Parece sutil e gramaticalmente é mesmo, mas do ponto vista do fundamento é muito diferente. Um processo de mudança pensado e conduzido por você mesmo e que ocorre de forma consciente é muito diferente daquele onde você acaba sendo induzido, e muitas vezes obrigado pelas circunstâncias, a aceitar mudanças com as quais não teve nenhum envolvimento, participação ou contribuição com sua formatação. Você resistirá sempre às mudanças que não estão alinhadas com seus valores, crenças e desejos pessoais.
O que realmente estamos enfrentando em nossos dias é a mudança de velocidade das próprias mudanças.  Você pode constatar isto facilmente ao consultar o Google ou entrar na rede mundial. Estamos experimentando um incremento exponencial das conquistas científicas e sua rápida aplicação em tecnologias que são levadas ao mercado, ocasionando impactos significativos nas formas e comportamentos em geral e, em particular, no mundo do trabalho. A mudança tecnológica traz à cena novos artefatos e instrumentos que impõem novas formas e cria novos hábitos nas pessoas, isto é, novos comportamentos.
São estes novos hábitos que são percebidos e captados pelo nosso olhar que pode ou não estar condicionado pelos velhos e tradicionais modelos, ocasionando impactos e repercussões diferentes, dependendo da natureza do próprio modelo mental.

No próximo post vamos finalizar o tema.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário