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quarta-feira, 28 de maio de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 14 - As trilhas de aprendizagem - Tema Motivação 2

Dando continuidade ao tema motivação, vamos tratar da segunda teoria, desenvolvida por Frederick Herzberg, conhecida como a Teoria dos Fatores de Higiene e Motivação.

A pesquisa de Herzberg revelou uma questão interessante: os fatores que propiciam à pessoa obter satisfação são muito diferentes daqueles fatores que geram insatisfação. A partir daí ele propôs que satisfação e insatisfação não são continum. Existe um ponto que os separa, chamado por ele de ponto gravoso.

Assim, pode-se dizer que as pessoas podem estar satisfeitas ou não satisfeitas e insatisfeitas ou não insatisfeitas e isto se deve à presença ou ausência de determinados fatores.
Seus estudos se concentraram no mundo do trabalho e assim ele pôde estabelecer uma nítida distinção entre os diferentes estímulos que propiciavam a mobilização das pessoas para a realização das atividades.



Ele chamou de fatores de motivação todos aqueles que estavam diretamente relacionados à natureza do trabalho que a pessoa exercia, tais como: ter oportunidade de aperfeiçoamento no que faz, assumir responsabilidades; ser elogiado e obter reconhecimento pelo trabalho bem feito; ter oportunidade para criar; ter liberdade para errar, etc.

Por outro lado, ele chamou de fatores de higiene todos os fatores que estavam relacionados ao ambiente onde o trabalho era realizado, tais como:  salário e benefícios pagos, condições de segurança para a realização do trabalho, quantidade de horas trabalhadas, estilos de liderança, estrutura organizacional e administrativa vigente, limpeza do local de trabalho, etc. 

Nesta abordagem, pode haver uma pessoa que aprecie muito a empresa em que trabalha, acha que o salário é bom, o ambiente é seguro e bastante amigável entre os colegas, mas não se ache motivada para o trabalho, pois o mesmo não oferece oportunidade para ela aprender e crescer, os desafios são poucos e não há reconhecimento pelo trabalho bem feito. Temos aí um caso de não insatisfação e de não satisfação (motivação).

Herzberg considerava a motivação algo bastante complexo e sarcasticamente dizia: “o ser humano é capaz de criar uma infinidade de coisas que o tornam infinitamente infeliz”. Em suas palestras recomendava aos gerentes tomarem muito cuidado ao lidarem com a motivação, pois as pessoas são automotivadas, cabendo a eles o papel de:
  • cuidar do ambiente, dando as condições adequadas para a realização do trabalho (fatores higiênicos) e
  • criar estímulos e enriquecer o trabalho (fatores motivacionais).


Na realidade, ele propunha que o Gerente fosse capaz de cuidar dos dois conjuntos de fatores.
Vale pena destacar que as duas teorias não se contradizem, sendo complementares.





Estas duas teorias são as mais conhecidas, no entanto existem outras abordagens sobre a motivação humana, principalmente considerando as descobertas mais recentes da neurociência. No próximo post, vamos tratar do tema Liderança.

terça-feira, 20 de maio de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 14 - As trilhas de aprendizagem - Tema Motivação

Outro tema que não pode deixar de ser tratado na trilha de aprendizado de liderança é a motivação humana. Como todos os demais temas que envolvem o comportamento das pessoas, a motivação também é um tema complexo que requer uma abordagem cuidadosa por parte daqueles que vão facilitar o aprendizado.

Há uma crença bastante comum e generalizada de que podemos e devemos ‘motivar’ as pessoas e que elas são muito sensíveis às recompensas monetárias e materiais. Nesta linha, afirma-se de forma metafórica que se o líder for capaz de atingir o órgão mais sensível do corpo humano – o bolso – ele estará motivando os seus funcionários de forma eficaz.

É preciso deixar muito claro que a motivação é um processo complexo e pessoal. A rigor, os estudiosos da motivação partem da premissa de que “ninguém motiva ninguém, as pessoas se motivam”.

Neste sentido, o papel do líder está muito mais em propiciar condições e estímulos para que as pessoas da equipe despertem em si os motivos que as levam a realizar alguma coisa – o trabalho. Não há dúvida sobre a força dos motivos como elemento central da ação humana, como também não há dúvidas de que os estímulos provenientes de fora, em grande parte, despertam os motivos interiores em cada um.

Como base do aprendizado sobre a motivação humana deve-se tratar das duas teorias básicas que trouxeram as primeiras explicações sobre o complexo sistema motivacional. A primeira delas, desenvolvida por Abraham Maslow, que ficou conhecida como a “Hierarquia das Necessidades”, e a segunda, desenvolvida por Frederick Herzberg, que se propagou como a Teoria dos Fatores de Higiene e Motivação.

Maslow, afirmava que os motivos determinam a ação humana e estes dependem da força ou intensidade das necessidades insatisfeitas. Esta insatisfação gera um estado de tensão que mobiliza as energias da pessoa em busca de atender suas necessidades. Assim que ela toma consciência deste estado, caracteriza-se o ‘motivo’ e este possibilita ter clareza do objetivo a ser alcançado que, por sua vez, orienta e guia as ações necessárias ao seu alcance. Afirmava, ainda, que estas necessidades seguem uma determinada hierarquia, começando com aquelas que são básicas à sobrevivência (necessidades fisiológicas) e, sendo estas relativamente atendidas, permitem o surgimento das outras necessidades de caráter mais sutil e psicológico.

A imagem que caracteriza esta hierarquia e que ficou muito conhecida é a chamada Pirâmide das Necessidades de Maslow, que pode ser visualizada a seguir.













Os estudos demonstraram que o ser humano sempre está em busca de algo e quando alcança um objetivo (satisfação), sempre se propõe a novas buscas e metas. Esta dinâmica entre satisfação e insatisfação é que caracteriza o esforço e o sentido do comportamento humano. Para tudo nesta vida existe um motivo, mas nem sempre se tem a clara consciência de sua existência.


No próximo post, continuaremos a falar de motivação, comentando a abordagem de Herzberg sobre o assunto.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 13 - As trilhas de aprendizagem - Tema Comunicação

Como já falamos anteriormente a Percepção Humana é a porta para o Processo de Comunicação. Vamos tratar aqui da comunicação interpessoal, que evidencia as habilidades de relacionamento com as demais pessoas e que são, em boa parte, formadas pelas suas preferências de conduta. A comunicação que todas as pessoas exercem, não somente em termos de conteúdo, mas, principalmente da forma, sua particular maneira de falar e escutar as outras pessoas, em especial no ambiente de trabalho, são, em grande parte, decorrentes destas suas preferências. Tomar consciência deste jeito individual de se comunicar é de fundamental interesse para o desenvolvimento de sua habilidade de liderança.

Nossa trilha incorpora mais um tema obrigatório, a Comunicação Interpessoal.




Afinal como podemos definir Comunicação? De muitas definições e conceitos que encontrei, o mais simples, direto e objetivo é o que diz:
Comunicar: é tornar comum

O aprendizado da comunicação interpessoal envolve aspectos comportamentais, instrumentais e ambientais. Os comportamentais estão diretamente ligados às diferenças existentes entre as pessoas. Os instrumentais estão ligados aos meios e ferramentas que são utilizados para enviar a mensagem. E os ambientais são aqueles elementos ou condições que estão presentes no ambiente, que formam um contexto muito específico e quase sempre único, que influenciam positiva ou negativamente o processo de comunicação. Vale a pena relembrar o esquema geral do sistema de comunicação.



Há uma grande verdade na afirmação: sempre vamos nos deparar com problemas de comunicação! E vamos mesmo, mais ainda em ambientes organizacionais, onde as pessoas necessitam obter um entendimento ótimo dos assuntos que estão tratando diariamente, por conta da obtenção de um resultado que é fruto de um processo de trabalho, onde muitas pessoas estão envolvidas.

Muito dinheiro é perdido ou desperdiçado anualmente pelas organizações (públicas e privadas) em decorrência das maneiras restritas e ineficazes das comunicações entre pessoas, no contexto profissional. Podemos estimar ainda um custo adicional, não mensurável monetariamente, com consequências tão ou mais danosas para as organizações e, consequentemente, para os próprios protagonistas das situações, dado o desgaste emocional que sempre ocorre nos relacionamentos mal sucedidos ou até mesmo rompidos.
Como diz Linda Ellinor e Glenna Gerard em seu livro “Diálogo – Redescobrindo o poder transformador da conversa”:

“Atualmente, falamos muito sobre a importância do desenvolvimento da colaboração e da parceria em organizações. Sentimos que um movimento em direção a estas qualidades fará diferença em nossa capacidade de atingir uma produtividade mais elevada e uma melhor qualidade de vida profissional. A pressão por obter resultados cria ambivalência e confusão  em  torno  de  qualquer movimento na direção da colaboração e da parceria. Considere como a comunicação em si é fundamental no movimento em direção a uma cultura de colaboração e parceria. Afinal é na maneira como falamos uns com os outros que experimentamos o respeito dos outros e percebemos se estamos ou não sendo ouvidos.”

“Mas somente podemos falar dessa forma se possuirmos as atitudes e os valores correspondentes sobre outras pessoas, que sustentam este tipo de respeito e integridade. São nossos valores e atitudes que impulsionam nossas formas de falar e escutar. Impulsionam a cultura geral que criamos em conjunto, através das maneiras pelas quais conversamos. Se formos mudar as formas pelas quais nos comunicamos uns com os outros, temos que encontrar um meio de trazer à tona os valores e modelos mentais subjacentes que nos mantém presos aos meios limitados de falar e ouvir”.

O tema comunicação estará sempre presente em qualquer programa de desenvolvimento de liderança. E dentro dele um destaque especial para o assunto ‘feedback’, pois ele é, sem sombra de dúvidas, o instrumento mais importante do Líder para a gestão da equipe e das pessoas.


No próximo post, vamos falar de mais um tema da trilha básica, a Motivação.

terça-feira, 6 de maio de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 12 - As trilhas de aprendizagem - Tema perfil psicológico

Na trilha complementar vamos abordar o perfil psicológico das pessoas e suas preferências de condutas. Um tema que envolve uma grande complexidade. Existe hoje uma grande variedade de instrumentos que permitem identificar as preferências comportamentais das pessoas ao se apresentarem e estabelecerem relacionamentos no mundo. Grande parte destes instrumentos acha-se apoiado em teorias ou estudos da psicologia sobre a natureza humana.

O primeiro estudo sobre a natureza psíquica do ser humano é atribuído a Hipócrates1 que identificou a existência de quatro energias distintas na natureza humana. Ele observou que muitas pessoas, que ele tratava, tinham características semelhantes. Ao mesmo tempo em que um grupo apresentava determinados padrões de comportamentos consistentes, outros apresentavam padrões totalmente opostos ou diferentes. Descobriu que, à medida que classificava a pessoa pertencente a um grupo, ele e seus discípulos poderiam prever as respostas comportamentais gerais desta pessoa. Ele acreditava que as pessoas se enquadravam em cada um destes grupos e se comportavam desta determinada maneira devido aos efeitos dos diferentes fluidos que compunham o corpo humano. Homens e mulheres podiam ser classificados em quatro grandes grupos de “humores” ou “temperamentos”, a saber:
  • Sanguíneos: são pessoas extrovertidas, otimistas, divertidas e sonhadoras. Sanguíneo provém da palavra sangue e está relacionado diretamente à circulação deste fluido, que era entendido como expressão do otimismo e da alta energia colocada na ação.
  • Coléricos: pessoas obstinadas, fortes e ativas, que pareciam ser líderes naturais. Colérico refere-se à bile, fluido produzido pelo fígado e, segundo Hipócrates, controlador da raiva.
  • Melancólicos: pessoas organizadas, analíticas e questionadoras, que tendiam a flutuações de ânimos. Melancólico também se refere à bile, mas à bile negra que indicava a profundidade da inteligência e a tendência da pessoa à depressão.
  • Fleumáticos: pessoas calmas, serenas e observadoras, que tendiam seguir a maioria. Fleumático, ligado ao fluido chamado de “fleuma corporal” que tornava a pessoa constante, pacífica e passiva.
  • Apesar de toda a evolução das ciências médicas, ainda hoje muitos estudos de personalidade baseiam-se na teoria dos “quatro temperamentos”, formulada por Hipócrates no século V, antes de Cristo.


Na atualidade o modelo mais utilizado é o desenvolvido por Carl Gustav Jung2. O trabalho de Jung sobre diferenças de personalidades e preferências tem sido adotado como base para a compreensão da personalidade, além de ser foco de estudos para milhares de pesquisadores da atualidade.
Jung demonstrou que as pessoas adotavam comportamentos, segundo suas preferências psicológicas, que se formavam a partir de três pares de preferências:
  • Introversão e Extroversão: a maneira como reagimos às experiências internas e externas;
  • Pensamento e Sentimento: a forma como tomamos decisões e produzimos escolhas e;
  • Sensação e Intuição: o jeito como assimilamos e processamos informação.


A partir da combinação destas preferências, cada pessoa adota uma preferência de conduta que, ao longo da vida, pode sofrer variações em vista das necessidades de adaptação ao mundo e sua evolução.
Particularmente, tenho trabalhado com o Sistema Insights Discovery, que entre os muitos instrumentos disponíveis no mercado apresenta um dos melhores, senão o melhor, relatório para o avaliado, numa linguagem acessível, direta e com informações altamente pertinentes à sua estrutura de funcionamento psicológico. 

A importância deste assessment no início de um programa de desenvolvimento é de permitir ao líder ou gestor um autoconhecimento sobre sua personalidade e a sua maneira preferida de mostrá-la ao mundo, principalmente ao mundo do trabalho. 

No próximo post voltaremos à trilha básica para falar do tema Comunicação.

1 - Hipócrates, considerado o Pai da Medicina, nasceu na ilha de Cos, 460 anos a.C., e pertence ao ramo de Cos da família de Esculápio (ou Asclepíades) por descendência masculina. O termo esculápio é igualmente empregado para designar os médicos em geral, porque praticam a arte de Esculápio (ou Asclepios), o deus da medicina na época clássica.


2 - Carl Gustav Jung nasceu em 1875 - na Suíça, formou-se em Medicina na Universidade de Basiléia (1900) e especializou-se em Psiquiatria em Zurique (1905). Colaborou com Freud entre 1907 a 1913. Apresentou sua teoria própria - Psicologia Analítica em 1921, publicada inicialmente em seu livro Tipos Psicológicos e posteriormente desenvolvida em várias publicações.