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terça-feira, 23 de setembro de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 20 - As trilhas de aprendizagem - tema Trabalho em Equipe 3

Eficácia do trabalho em equipe, realidade ou ficção?

Existem crenças arraigadas, por parte dos líderes, sobre a eficácia dos trabalhos em equipe. Boa parte deles acredita fortemente no trabalho em equipe e, portanto, sua maneira de gerenciar evidencia esta abordagem, como a forma privilegiada de enfrentar os desafios.

Outra parte acredita que equipes são ameaças às suas posições de liderança e que pessoas se agrupando não vão realizar o trabalho, por conta da irreconciliável natureza humana - individualista e egocêntrica.




Será o trabalho em equipe realmente mais eficaz do que o trabalho individual?

Será também que a equipe é a solução para todos os problemas organizacionais?

A resposta para a primeira pergunta é sim, desde que determinadas condições sejam aceitas e praticadas pelos próprios participantes da equipe e por seu líder. Dezenas de pesquisas têm demonstrado que pessoas atuando em equipe são capazes de produzir resultados significativamente melhores do que indivíduos isoladamente se, de fato, algumas variáveis se fizerem presentes no transcorrer do processo. Assim, como nos ensina Jay Hall, a eficácia das equipes é uma função:
  • do compromisso, e como ele é alcançado;
  • do conflito, e como é administrado;
  • da criatividade, e como vem à superfície, e
  • do consenso, como regra decisória que incorpora as outras variáveis.
A resposta para a segunda pergunta é não, dependendo da natureza dos problemas, se simples ou complexos. Uma boa parte dos problemas que ocorrem nas organizações é simples e as informações para a sua análise se acham concentradas e não distribuídas, da mesma forma que os recursos disponibilizados. Portanto, o encaminhamento, não exigirá o envolvimento de uma equipe, podendo o trabalho individual ser mais rápido e eficaz.

Contudo, sempre que a natureza do problema for complexa, envolvendo um conjunto de variáveis que se acham distribuídas pela organização, sejam elas de informações, recursos e capacidades para a solução diferenciada, o trabalho em equipe será sempre melhor que o trabalho individual, desde que as condições apontadas na primeira questão sejam seguidas.



Vale a pena nos estendermos um pouco mais sobre as condições que favorecem o aprendizado do trabalho em equipe. As contribuições dos estudos de Jay Hall (Em Busca da Eficácia Grupal - Teleometrics Int’l - 1969), conduzidos nos meados do século passado, se mostram, nas suas conclusões, atuais e significativas. Como apontamos anteriormente são quatro as condições que permitem a obtenção da eficácia.

A variável compromisso

O compromisso (ou o comprometimento) pode ser descrito como o sentimento de atração muito pessoal de pertencimento (sentido de pertencer) que atua como a força motriz da união que mantém uma equipe coesa. É um estado psicológico que serve como orientador íntimo de cada membro da equipe e que se manifesta coletivamente na forma de esforço grupal concentrado. Assim sendo, não pode ser obtido pela coerção, persuasão, duplicidade ou pela estima incondicional. O compromisso é autogerado no próprio indivíduo, é um potencial existente em todo o ser humano e é despertado naturalmente como consequência do seu envolvimento propositado. Os estímulos provenientes da liderança para que as pessoas se envolvam e façam parte de um grupo ou equipe que tem que lidar com um determinado trabalho, têm um propósito real e objetivos consistentes e desafiadores e que dão início ao despertar do compromisso.



A sensação de comprometimento que uma pessoa experimenta é decorrência direta do grau de participação e envolvimento que este mesmo indivíduo teve com as atividades que foram realizadas em equipe. O sentimento de satisfação, extremamente pessoal, experimentado no decorrer do processo de trabalho em equipe, onde a cooperação e ajuda mútua é a tônica dos relacionamentos interpessoais, leva os participantes da equipe a satisfazerem suas necessidades de participação e envolvimento mutuamente.

Todos nós queremos fazer parte de algo que traga significado e sentido às nossas vidas. Talvez o trabalho seja um dos maiores motivos.


No próximo post, darei continuidade falando sobre a variável conflito.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 19 - As trilhas de aprendizagem - Tema: Trabalho em Equipe 2

Afinal o que é uma equipe de trabalho? Como ela funciona e quais são os desafios para os seus líderes?

Podemos conceituar equipe como:
“Um pequeno número de pessoas com conhecimentos complementares compromissadas com propósito, metas de performance e abordagens comuns, e pelos quais, elas se mantêm mutuamente responsáveis”.
O conceito acima é de Jon R. Katzenbach e Douglas K. Smith, pesquisadores e estudiosos do tema. Vamos adentrar mais nos significados dos elementos-chave do conceito, explicitado pelos autores:

Pequeno Número de Pessoas: uma equipe não deve ter mais de 25 pessoas, sendo que o número ideal está entre 7 e 9 pessoas.

Conhecimentos Complementares: uma equipe envolve um mix de conhecimentos e habilidades equilibrados e complementares com base nas necessidades do processo de trabalho envolvido e no desafio dado pelos objetivos definidos. Estes conhecimentos e habilidades são de natureza técnica, de métodos e processos de gestão (planejamento, solução de problemas, tomada de decisão, acompanhamento e controle) e de processos de gestão de pessoas (habilidades de comunicação, relacionamentos, lidar com diferenças interpessoais).

Compromissadas com Propósito e Metas de Desempenho Comum: uma equipe tem membros que compartilham de um propósito comum, que nas empresas se mostram através da declaração dos Valores, Visão e Missão Organizacional e que sempre está relacionada ao futuro desejado a longo prazo para o empreendimento; determinantes do tom e do nível de aspiração dos indivíduos que compõem a equipe. Por outro lado, as metas de performance comum se mostram através da definição de objetivos e resultados esperados, para o período próximo - curto e médio prazo - determinantes do vetor agregador das energias e do ritmo e velocidade das realizações pretendidas pela equipe. Finalmente, o grau encontrado nas equipes de compromisso e comprometimento que envolve o respeito aos motivos pessoais presentes, a dinâmica dos processos de relacionamento entre os membros participantes, a fluidez das comunicações entre os seus componentes, ao tratamento dos conflitos e diferenças pessoais tão naturais nos seres humanos, ao grau de compartilhamento do trabalho na superação dos desafios e a determinação e foco na conquista dos resultados esperados. O grau de integração entre os propósitos e metas e as ações que os realizam é uma necessidade fundamental para o nível de desempenho da equipe e por extensão do próprio líder.

Abordagem Comum: uma equipe necessita uma forma de trabalho que seja comum, para a obtenção dos propósitos definidos. Isto implica na clara definição dos papéis de seus membros, na correta e justa divisão do trabalho, na boa administração dos resultados e da competitividade. A abordagem comum também estabelece o nível de energização da equipe, os processos de ajuda e apoio mútuo entre os seus membros e clareza dos valores presentes nas relações, tais como honestidade, justiça e confiança.

Responsabilidade Mútua: Para a equipe significa a concretização do compromisso. Evidencia a base de confiança existente e determina o compartilhamento das consequências dos resultados obtidos. Este fenômeno se aprende na prática, vivenciando situações reais juntos independentemente dos resultados obtidos (sucesso ou fracasso).

Equipes não são meros agrupamentos de pessoas num determinado ambiente (por exemplo, o profissional) que possibilita eles estarem juntas. É muito mais do que isso. Minha experiência e crença pessoal são de que as equipes são formadas, estruturadas e desenvolvidas por líderes, e eles, dependendo de suas competências e capacidades, influenciarão fortemente o caráter que a equipe assumirá na sua trajetória. Da mesma forma que sofrerá grande influência de cada um dos seus componentes e do contexto onde estará atuando (cultura organizacional).

No próximo post vamos continuar falando do tema Trabalho em Equipe.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 18 - As trilhas de aprendizagem - Tema: Trabalho em Equipe 1

Outro componente básico da trilha é o trabalho em equipe. O líder é o responsável por estabelecer as condições propícias para que as pessoas possam de fato exercer um trabalho em equipe.


Atualmente estamos experimentando um movimento, muito interessante, das formas tradicionais de trabalho em equipe para as necessidades de atuar em equipes de trabalho. Este movimento tem tudo a ver com a atual realidade das organizações, onde as estruturas estão cada vez mais horizontalizadas, dinâmicas e orientadas para atender as necessidades dos clientes. A duração de uma equipe com todos os seus participantes, sem grandes mudanças estruturais e trocas de participantes, está na média de 6 meses.

As organizações são concebidas e planejadas para funcionarem de forma previsível, dentro do seu negócio/mercado/produto (ou serviço). A lógica do processo de trabalho é determinante dos arranjos funcionais (estrutura) que melhor atendam as demandas de seus clientes e interesses de seus acionistas.

Mas a dinâmica dos negócios traz uma exigência relacionada ao tempo e interpõe uma necessidade adicional aos líderes: eles precisam rapidamente formar uma equipe para entregarem resultados muito desafiadores, no ciclo orçamentário com que estão lidando no ano.

Em geral as pessoas não foram preparadas para trabalhar em equipe. Trabalham juntas, têm afinidades e, por vezes, até objetivos e metas comuns, mas não constituem uma verdadeira equipe de trabalho.

Há uma profunda inter-relação e interdependência entre todas as áreas funcionais para que os resultados finais sejam alcançados Entretanto, as organizações são também agrupamentos sociais, e não há ‘lógica’ que possa prever o comportamento das pessoas enquanto ‘atores’ no mundo organizacional. Da mesma forma que as pessoas em suas naturezas individuais são seres complexos e, em boa parte, imprevisíveis, as organizações concebidas, estruturadas e administradas por pessoas guardam também estas mesmas qualidades.

O trabalho em equipe está no núcleo da excelência organizacional, ele constitui a chave para o sucesso, principalmente se considerarmos as características atuais das estruturas funcionais.

Do ponto de vista do integrante, o trabalho em equipe constitui uma das fontes básicas de satisfação e realização, tanto pela necessidade de fazer parte de algo, como pela interdependência do próprio processo de trabalho.

O líder é muito exigido no que se refere a esta demanda. No desempenho de seu papel é esperado que ele tenha a capacidade de criar e gerenciar um clima de confiança, apoio mútuo que favoreça a realização pessoal e profissional dos integrantes de sua equipe de trabalho. Mais ainda, que ele prepare todos os seus colaboradores para atuarem não só na sua equipe, mas nas mais diferentes equipes. É o aprendizado do trabalhar em equipe para o aprendizado de fazer parte de equipes de trabalho.

As principais razões pelas quais as empresas têm necessidades de terem equipes de trabalho podem ser resumidas nas assertivas abaixo:
Equipes aumentam a produtividade.
Equipes realizam tarefas que grupos comuns não podem fazer.
Equipes usam melhor os recursos.
Equipes são mais eficazes e criativas para resolver problemas.
Equipes tomam decisões de melhor qualidade.
Equipes atendem as necessidades de compartilhamento e pertencimento das pessoas.
Equipes propiciam e facilitam o desenvolvimento das pessoas.


No próximo post tratarei do conceito de equipe.