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terça-feira, 25 de junho de 2013

Desempenho Humano (parte 3)


O desempenho humano reflete a expressão das “competências” possuídas por um indivíduo, isto é, o uso eficaz e eficiente dos chamados talentos, independentemente da forma como foram adquiridos, nas transformações dos recursos existentes e disponíveis em resultados desejados (objetivos) previamente estabelecidos.
Neste contexto, desempenho humano, está diretamente relacionado com a execução de um trabalho ou atividade e com os resultados alcançados, que exigiu o uso dos talentos (competências) que são possuídos pelo indivíduo que os utilizou. Assim podemos dizer que:
Desempenho Humano é a atuação e o resultado obtido, de um indivíduo ou grupo, que pode ser medido e avaliado.
Idealmente, tanto os resultados desejados quanto as condições para a sua realização, deveriam estar previamente estabelecidos, o que facilitaria muito sua posterior medição e análise, propiciando correções (aprendizagem) no sentido de sua melhoria.
Mas, isto só é possível integralmente nos sistemas mecânicos. Ao lidarmos com “comportamentos humanos” nos defrontamos com várias limitações e, para superá-las, necessitamos de um entendimento ampliado deste fenômeno.
A distinção básica do ser humano é sua capacidade de reagir, tomar decisões, frente aos estímulos do ambiente externo (sociedade) e do seu ambiente interno (corpo), na busca maior de sua sobrevivência e perpetuidade, de forma consciente.
Podemos entender o homem como um solucionador de problemas e, neste sentido, a solução dos problemas assume um caráter especial de tomada de decisão, da mesma forma que a antecipação dos prováveis problemas que poderão ocorrer. Numa perspectiva temporal, a decisão é a ação exercida no presente, isto é, no aqui e agora, objetivando produzir resultados num futuro, mais próximo ou mais distante, em decorrência de informações preocupadoras do passado e/ou futuro recente ou remoto, e ainda da percepção do presente imediato.
Assim, podemos dizer que o desempenho humano é uma resposta comportamental a uma particular percepção da realidade, com a intenção de produzir um resultado que atenda às necessidades presentes no indivíduo. Nem sempre estas necessidades são racionalmente elaboradas e, por isso mesmo, nem sempre são passíveis de previsibilidade e medições, segundo critérios anteriormente estabelecidos.
Futuro e passado se reúnem no presente, num processo singular e totalmente humano de percepção da realidade que nos rodeia, para a construção permanente do sentido de subjetividade que é parte essencial de nossas ações e experiências.
Percepção e necessidades individuais são realidades únicas e subjetivas que determinam em grande parte as respostas (comportamentos) que serão adotadas pelos indivíduos.
Idealmente podemos dizer que o desempenho de um indivíduo deve refletir a sua real capacidade de fazer as coisas acontecerem. Mas na prática nem sempre isto é verdadeiro.
Dependendo de todo o processo de percepção da realidade, que é orientado pelas ‘lentes pessoais’ de cada indivíduo (seus modelos mentais) e ainda pela construção de significados que se dá de forma muito particular em cada pessoa e que gera os motivos para ação, cada ser humano ‘decide’ se irá disponibilizar suas ‘competências’ para o alcance do resultado.
A rigor, todo comportamento humano é intencionado, isto é, está dirigido ao alcance de um resultado esperado pelo próprio indivíduo, grande parte das vezes de forma consciente. Assim, várias situações são possíveis, a saber:

Pode acontecer que a pessoa decida não mostrar suas qualidades, mesmo que já as tenha demonstrado em outras ocasiões com bons resultados, sendo de certa forma omisso com a situação específica;

Pode acontecer que a pessoa decida mostrar suas melhores qualidades, sem mesmo nunca antes ter experimentado a situação, assumindo e testando novos conhecimentos e habilidades, sem ter a certeza se alcançará o resultado esperado; 

Pode acontecer ainda que a pessoa decida mostrar as suas ‘piores qualidades’, praticando ‘erros propositais’ para que os resultados não sejam alcançados.

Pode acontecer que a pessoa decida mostrar suas melhores qualidades, que já foram testadas e comprovadas, executando ações exatamente como nas situações anteriores, onde obteve sucesso no alcance de resultados.

Em torno destas possíveis situações, podem ocorrer ainda variações que demonstram o quanto é complexo o desempenho. Como vimos nos textos anteriores, onde tratamos sobre Crenças, Valores, Atitudes e Comportamentos, o desempenho humano nos é dado a conhecer pelos comportamentos que as pessoas praticam nas mais variadas situações e eles são complexos e evidenciam somente parte do que as pessoas são. Outra parte pode ser não revelada intencionalmente e/ou ainda pode estar inconsciente para aquele que está realizando as ações. 


terça-feira, 18 de junho de 2013

Desempenho Humano (parte 2) - Fundamentos Conceituais

O desempenho é a resultante final das ações que são praticadas. Resultado concreto, palpável e dimensionável. Podemos dizer que o desempenho é o produto de um conjunto de atividades e se expressa através de resultados que possam ser verificados. 


 
O desempenho é saída de um processo.

Um resultado não é o que se faz, mas sim aquilo que se obtém como consequência do que se faz.


Conceito de Desempenho
É a resultante final da atuação ou comportamento verificado e medido frente a um resultado esperado, previamente estabelecido, dentro de determinadas condições. 


Este primeiro conceito se aplica muito bem aos sistemas mecânicos. A análise do desempenho de um instrumento, máquina ou equipamento é uma condição essencial para a verificação do seu nível de capacidade e/ou produtividade (resultado da relação entre os “inputs” e “outputs” do processo).
Assim, o “desempenho” de uma máquina (também chamado “rendimento”) só pode ser analisado quando “a priori” se especificou um resultado final desejado e um conjunto de condições apropriadas para o seu funcionamento ótimo (padrões de operações).
Neste sentido, o desempenho é algo que só pode ser verificado após a ação ter ocorrido (ele sempre estará evidenciando o resultado de ações praticadas no passado) e necessita de parâmetros claros e específicos, previamente estabelecidos, para a sua medição e análise.
Mas, quando lidamos com as pessoas, esta lógica mecanicista não atende a toda complexidade que envolve o comportamento humano; no entanto dois princípios importantes também se aplicam quando estamos lidando com pessoas: a necessidade de fixação de padrões desejados de resultados (também chamados de objetivos) e critérios de medições (também chamado de indicadores).

No próximo texto continuaremos a falar de desempenho.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Desempenho Humano (parte 1) - Contextualização

O ambiente empresarial tem, cada vez mais, orientado grande parte de seus esforços para a conquista de resultados. Não que isto seja uma novidade, na realidade, desde suas mais remotas origens, as organizações, como criação e empreendimento humano, sempre tiveram esta preocupação. Talvez o que tenha sofrido mudanças seja o crescimento da importância relativa que se tem dado para os resultados de curto prazo e, principalmente, aqueles de natureza econômico-financeira. Podemos, metaforicamente, dizer que o resultado é o combustível que realimenta o motor que movimenta a organização. 

Em nossos dias, fala-se tanto em resultados e é tão forte o apelo para sua conquista que, não raro, encontramos distorções na maneira de entender e gerenciar sua obtenção. Uma possível causa pode ser a falta de um significado comum entre os envolvidos no ambiente organizacional. Cada qual atribui um significado, baseado em seus interesses. O que, de certa forma, dificulta a compreensão compartilhada, abrangente e facilitadora, necessária às intervenções que deverão ser empreendidas à sua obtenção.

Neste enfoque encontramos nos dicionários o seguinte significado: o que é consequência: efeito de uma ação, de um princípio; algo produzido por uma causa, momento ou ponto que se interrompe uma ação; termo, fim; saída de um processo; produto final de ações precedentes etc.

Assumindo que as organizações produzem resultados e que estes se transformam no combustível que as realimentam, parece ser oportuno analisar os componentes ou forças que permitem a geração destes resultados. Não resta dúvida de que o principal componente é a pessoa. Ainda que possamos considerar que as máquinas, os equipamentos e os instrumentos, de forma geral no processo produtivo, sejam fundamentais para a obtenção dos resultados, é bom termos em conta quem é que aciona todos estes meios – as pessoas.

Um princípio geral decorrente dos significados acima apresentados pode ser descrito como: quando se pretende alterar resultados devemos atuar nas ações que os geraram.

Em outras palavras, não é possível atuar diretamente no resultado. Só podemos mudar as ações que levam a ele. Toda ação leva a resultados. Resultados estão intrinsecamente relacionados às ações. Numa perspectiva temporal, podemos dizer que: o tempo presente é o mundo das ações, o tempo passado é o mundo dos resultados obtidos e o tempo futuro é o mundo dos resultados pretendidos.

Os resultados obtidos (tempo passado) funcionam como referência avaliativa de nossas capacidades e competências; já os resultados pretendidos (tempo futuro), funcionam como guias e estímulos à mobilização de nossas energias, na constante busca de novas conquistas e realizações.

A ação pela sua natureza dinâmica e constitucional envolve energia, que gera movimento, que leva a resultados – é uma lógica simples e direta. O caminhar é energia em movimento, o resultado é chegada, destino, ponto que se interrompem as ações e realizam-se as medições.
 
As exigências atuais do mundo dos negócios – a obtenção de resultados -  pressupõem a adoção de novos comportamentos: mais ativos, conectados, responsáveis, etc. Enfim, diferenciados do velho padrão apreendido. Esses novos comportamentos, por sua vez, pressupõem também a necessidade de se desenvolver um novo modelo mental, por extensão, um novo conjunto de competências e, muito provavelmente, um novo conjunto de ferramentas.

Como premissa, assumimos que a competência da organização é resultante da competência das equipes e indivíduos que dela fazem parte. Neste sentido, a competência individual e das equipes de trabalho são formadoras da competência organizacional e devem evidenciar padrões elevados de desempenho, “vis à vis”, elevados resultados.

Organizações que buscam a excelência, como padrão referencial de sua atuação no ambiente de negócio, sabem que a chave que abre a porta para este resultado é o desempenho, mas, muito especialmente, o desempenho humano.

Desempenho tem dois aspectos importantes: o primeiro diz respeito ao desempenho atual, àquele que é demonstrado pelas pessoas e evidencia a posse e/ou a ausência de determinadas competências; e o segundo, refere-se ao desempenho que poderá ser evidenciado num futuro próximo, a que denominamos desempenho futuro.

Desenvolver a competência da organização significa desenvolver as competências das pessoas que lá trabalham, e de forma direta e específica significa o gerenciamento integrado dos dois aspectos acima apontados – o desempenho atual e as possibilidades de um desempenho futuro das pessoas no ambiente profissional. 

Neste e nos textos que se seguirão sobre o tema desempenho, vou abordar especificamente o desempenho atual. Vamos percorrer inicialmente os fundamentos e significado da palavra desempenho