Páginas

quinta-feira, 13 de março de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 9: As trilhas de aprendizagem

Vamos retomar o que falamos no post 6 sobre a construção das trilhas de aprendizado em liderança e gestão, considerando o nível de complexidade envolvida nos assuntos, que são inerentes ao seu papel, e a natureza das competências requeridas para o desempenho ótimo de suas atividades. Dissemos que podemos (e devemos) construir trilhas específicas para o nível básico de liderança e gestão, e aqui estamos nos referindo ao desempenho das funções de supervisão. Normalmente este nível é caracterizado como a primeira experiência de liderança para a grande maioria dos líderes.
Devemos também construir as trilhas específicas para o nível intermediário de gestão e liderança e ela está dirigida à população de gerentes. Normalmente são posições ocupadas por pessoas que já possuem uma experiência de atuação em cargos de liderança e que lidam com situações mais complexas, que exigem decisões que envolvem a elaboração de caminhos alternativos de ações, considerando o sistema organizacional como um todo.
E, finalmente, devemos construir as trilhas específicas para o nível de direção e liderança dos negócios para a equipe de diretores, vice-presidentes e presidente, que são posições de comando da organização e que são ocupadas por pessoas que possuem grande experiência em gestão e liderança de equipes e envolvem-se com situações de grande complexidade, tomando decisões que determinam o futuro e a sobrevivência dos negócios e da própria organização no contexto dinâmico do mercado e da sociedade. 
Vamos, a título de exemplo, considerar as necessidades de aprendizado e desenvolvimento da atuação do nível de supervisão. A construção da trilha deve percorrer um conjunto de conteúdos de aprendizado que se mostram como fundamentais para lidar com as demandas do seu dia a dia de trabalho. Como dissemos anteriormente, não vamos considerar neste exemplo o desenvolvimento das suas competências técnicas (profissão). Isto não significa que estas não sejam necessárias, mas é que nosso tema se relaciona mais aos conteúdos de gerenciamento e ao exercício da liderança de pessoas e equipes de trabalho.
A ordem que vamos seguir, ao indicar os conteúdos que devem ser trabalhados, é uma escolha decorrente muito mais da experiência própria do que uma prescrição teórica metodológica, não devendo ser entendida como um padrão, mas sim como uma das diversas possibilidades de construção.
O que normalmente acontece para aqueles que ascendem à posição de gestão e liderança nas organizações? 
Normalmente, para a maioria, de um dia para o outro ele se vê ‘promovido à posição’ de supervisor (ou gerente de primeira linha). Percebe que o seu ‘papel profissional’ mudou e mudou significativamente da noite para o dia. Ele mal teve tempo de comemorar a sua promoção e um mundo de novas exigências começa a ‘cair’ na sua mesa (ou sala nova que ‘ganhou’ como um símbolo de diferenciação do seu novo ‘status’ organizacional). Como é lidar com estas novas questões, como deve se posicionar frente ao seu novo ‘chefe ou gerente’ e, principalmente, como deve se posicionar e lidar com a sua nova equipe?
Estas são algumas das questões que precisam de respostas imediatas e diárias e, a rigor, ele e um grande número de novos líderes e gestores, que passaram pelo mesmo modelo de promoção, não foram minimamente preparados e treinados para o desempenho do novo papel.
Na construção da trilha este tema deve ser o primeiro a ser trabalhado – o papel do supervisor (gestor e líder) e as novas exigências a ele associadas, dentro do contexto real da organização. Saber das principais responsabilidades que lhe são atribuídas, que resultados são esperados e devem ser alcançados pela posição. Saber qual é a sua autoridade, isto é, que poder lhe foi concedido e que limites (alçadas) possui para decidir sem recorrer a um nível superior. Saber, por fim, quais são as atividades que precisam ser realizadas (ações) para que os objetivos sejam cumpridos, dentro dos parâmetros previamente definidos.
Mostra-se muito oportuno, ao tratar deste tema, trabalhar com dois outros que estão associados a ele:
  • Primeiro, a compreensão do que é a organização, considerando os seus principais componentes (identidade, relações, processos e recursos), que se mostra como uma ‘cultura única’ que influencia grande parte de sua atuação (Valores, Políticas, Normas e Procedimentos); 
  • Segundo, a compreensão sobre o fenômeno da mudança, característica comum da nossa época, que, dependendo da consciência que se possui sobre sua natureza e do impacto que ocasiona em sua vida, determinará o nível de suas respostas, adaptando-se ou resistindo a elas. 
No próximo post, vamos dar continuidade à construção da trilha, comentando sobre outros processos de aprendizado que podem ocorrer em paralelo e que potencializam aqueles diretamente definidos pelo ambiente organizacional.

quinta-feira, 6 de março de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Parte 8 – As trilhas de aprendizagem


Como foi resgatar a sua história de líder? O aprendizado foi pelo caminho difícil ou teve ajuda importante de outros líderes que, de certa forma, atuaram com ‘mentores’ ou ‘coach’ no seu processo?
Mas vamos discorrer de forma mais detalhada sobre o que é uma trilha de aprendizagem. A trilha é um caminho vislumbrado para se chegar a um determinado destino. Na imagem que temos de uma ‘trilha’, em geral, é representado por um caminho relativamente aberto, com muitas possibilidades de variações, onde o próprio caminhante, ao percorrer o caminho, decide por qual delas quer fazer a sua jornada.
Quando utilizamos esta imagem como uma metáfora para a jornada de aprendizagem e desenvolvimento pessoal, estamos enfatizando que a decisão sobre ‘o que’ e ‘o como’ aprender está em grande parte na mão do próprio caminhante ou aprendiz.
Hoje, as trilhas de aprendizagem se mostram como resposta muito mais flexível e atual para o processo de desenvolvimento (ou autodesenvolvimento) do que as tradicionais grades de treinamento obrigatórias que deveriam ser percorridas para a ocupação de determinada posição de liderança ou mesmo técnica.
A construção de uma trilha de aprendizagem deve necessariamente envolver os próprios interessados no processo de desenvolvimento. A começar pela própria identificação das suas necessidades. A competência a ser adquirida é o foco central, as formas de adquiri-la podem ser diferentes para diferentes pessoas. No limite ótimo, cada um constrói a sua trilha, a partir dos próprios interesses pessoais e de necessidades organizacionais de desenvolvimento profissional.
A aprendizagem normalmente ocorre por variados caminhos, e não somente naqueles concebidos para serem trabalhados de forma presencial nas tradicionais ‘salas de aula’. Aprendemos muito trabalhando com pessoas mais experientes, ouvindo suas recomendações e dicas muito precisas no momento exato em que estamos realizando as tarefas.
Aprendemos também por nossa própria conta, ao refletirmos sobre nossos acertos e erros. Por vezes, isto pode ser muito doloroso. Aprendemos ainda com os feedbacks de nossos ‘chefes’, pares e subordinados que nos informam do impacto que ocasionamos nas demais pessoas. 
Enfim, o ato de viver é um ato de aprendizado. Mas, é preciso estar desperto no mundo.
No sentido mais amplo, a ideia de trilha liberta, enquanto que a ideia de trilhos e grades engessa.
No sentido que estamos usando nesta série de artigos, a trilha de aprendizagem procura conciliar necessidade de aquisição de competências requeridas pela organização e os anseios pessoais por desenvolvimento do próprio aprendiz. 



 
O território de desenvolvimento é amplo e dentro dele muitas alternativas se apresentam. A lógica que fundamenta a definição da trilha a ser percorrida pelo interessado deve conciliar as necessidades organizacionais com as suas próprias. Deve levar em conta os recursos disponíveis, o tempo para obtenção dos resultados desejados, as metodologias de ensino e aprendizado e, muito possivelmente, outros fatores que possam interferir positiva ou negativamente na realização do processo de desenvolvimento, como por exemplo, acontecimentos familiares, mudanças no contexto social, etc.
A trilha que vamos descrever a partir do próximo post partiu de uma visão sintetizada das necessidades do aprendizado para o exercício do Papel de Liderança em organizações empresariais. Ela dará ênfase aos aspectos básicos do Comportamento Humano, deixando para um segundo plano o aprendizado técnico, pois, de certa forma, este aprendizado normalmente é adquirido nos cursos regulares de formação e são pré-requisitos para a entrada no ambiente profissional.