Páginas

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 24 - Trilha de Aprendizagem em Liderança - Competências Complementares Adicionais

Além das competências complementares já mencionadas, indicamos algumas outras que devem fazer parte da aprendizagem do líder. As organizações são sistemas complexos e impõem exigências adicionais para todos aqueles que, por diferentes razões, se acham na condição de desempenharem este papel. Estas necessidades complementares vão aprimorar o desenvolvimento ao longo da carreira e proporcionar a sua maturidade profissional. Assim, ainda trataremos dos seguintes temas:



       Clientes - permite o entendimento das necessidades e dos comportamentos dos clientes, que determinam, por um lado à organização, definir o padrão de qualidade dos seus produtos e serviços e, por outro, estabelecer padrão de qualidade no atendimento que, em grande parte, tangibiliza os diferenciais competitivos da organização em relação aos seus concorrentes. Neste particular, a atenção e o tratamento praticados devem ser coerentes com os discursos propagados, ocasionando a identificação deste diferencial pelo cliente e, como consequência, sua preferência e, talvez, fidelidade. Também aqui devem ser destacadas as diferenças existentes entre os Clientes Externos e os Clientes Internos.  



       Mercado - permite o conhecimento das características e forças atuantes no contexto competitivo do mercado onde a organização é atuante. Provavelmente, o principal indicador das oportunidades e ameaças que juntamente com os pontos fortes e fracos da própria empresa permitem assimilar e entender a concepção e operacionalização das estratégias de negócios. E, ainda, o desdobramento destas estratégias em objetivos, metas e planos de ação, que alinham e coordenam os esforços de diferentes áreas especializadas da estrutura organizacional na busca de resultados ótimos, evitando-se retrabalhos e desperdícios de esforços e recursos, retratados quase sempre na competência de execução dos processos de trabalho.



       Políticas - permite o entendimento das grandes diretrizes de conduta no trato dos assuntos e das pessoas no ambiente organizacional e seus desdobramentos em normas e procedimentos gerais e funcionais que limitam a amplitude das ações, em prol de um padrão de convívio determinante e formador da cultura organizacional, elemento sinalizador de um clima organizacional saudável.



       Ferramentas de Gestão - permite o conhecimento dos instrumentos que facilitam a transposição dos planos de trabalho em realizações - produtos e serviços. Há dois grandes conjuntos de ferramentas, o primeiro deles tem a ver com os instrumentos técnicos das respectivas e diferentes especializações requeridas pela natureza do trabalho que deve ser realizado. O segundo tem a ver com os instrumentos administrativos e de gestão de pessoas, que se constituem em ‘rituais’ que devem ser seguidos por todos, para fazer valer o contrato de trabalho, que pressupõe direitos e obrigações de ambas as partes - empresa e empregados.

O fato de tratarmos estes temas não significa que abrangemos todos. Longe de se esgotarem, as necessidades de desenvolvimento da posição de liderança são um processo contínuo. Novos temas sempre surgem e precisam ser trabalhados. Acredito mesmo que aprender a aprender é uma meta-competência exigida pela posição, independentemente do porte da organização.


No próximo post vamos tratar do tema Clientes.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 23 - As trilhas de aprendizagem - tema Trabalho em Equipe 6

O consenso como regra para a tomada de decisões em equipe


Vamos relembrar que a eficácia das equipes decorre do comprometimento e da maneira como é obtido, do conflito e o modo como ele é gerenciado e da criatividade e da forma como ela surge e é incorporada ao encaminhamento das situações.

Com a finalidade de facilitar a aplicação destas três variáveis, há um conjunto de normas que apoia os líderes das equipes na gestão do processo que estabelece a direção em que a equipe se moverá e prescreve a forma que devem tomar as contribuições individuais para se chegar ao resultado. Este conjunto de normas é fruto de uma síntese de numerosos resultados de pesquisa, que evidenciam as condições necessárias ao funcionamento eficaz das equipes.  São elas:


Empregar liderança participativa de forma que:
  • O clima das relações interpessoais seja predominantemente liberto de constrangimentos impostos pelo poder da posição organizacional (o chefe tem sempre razão);
  • Todos os membros sintam que têm oportunidades iguais para influir na direção do esforço coletivo da equipe (todos podem dar suas opiniões, que serão ouvidas e consideradas);
  • Existam oportunidades para que o exercício da liderança seja praticado por especialistas, quando o assunto específico assim exigir, e atender às necessidades emergentes da equipe.



Usar padrões flexíveis de comunicação, de forma que:
  • Todos os componentes da equipe se considerem capazes de participar igualmente e da forma que lhes seja a mais habitual;
  • As opiniões da minoria ou mesmo de um único participante possam também ser expressadas sem constrangimento ou bloqueio.



Empregar uma abordagem cooperativa ao debate para a solução de problemas e não um critério "ganha-perde", de forma que:
  • As divergências de opiniões sejam substantivas e vistas como algo natural e até mesmo esperadas, e não um posicionamento afetivo em relação ao outro e, por isso mesmo, podendo ser toleradas e trabalhadas na sua essência;
  • Todos os participantes estejam interessados e sensíveis às ideias e reações uns dos outros.


Que os membros da equipe se tratem aberta e francamente, de forma que:
  • As necessidades pessoais ou "agendas ocultas" não se sobreponham ao objetivo principal pelo qual a equipe está trabalhando;
  • Os sentimentos de resistência ou dúvida que naturalmente vão ocorrer possam ser discutidos e resolvidos abertamente no momento em que surgirem, evitando-se que se tornem barreiras latentes à obtenção do compromisso.


Estas regras decisórias que favorecem o compartilhamento equilibrado das responsabilidades, junto com a garantia e a proteção dos direitos que cada um tem de se expressar, devem prevalecer em relação àquelas que colocam a responsabilidade nas mãos de apenas alguns ou de um só participante da equipe. Assim, é fundamental que:

  • Todos compartilhem igualmente o ônus de realizar a tarefa e sejam os ‘guardiões ativos’ do processo de relacionamento interpessoal que acontece concomitantemente ao conteúdo objetivo com o qual a equipe está trabalhando;
  • Todos os componentes da equipe assumam a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso dos resultados alcançados por suas escolhas e decisões.


A equipe funciona conforme seu líder e componentes a fazem funcionar. As equipes eficazes compõem-se de pessoas eficazes. O papel do líder é fazer com que todos sejam capazes de dar o melhor si e, para tanto, precisará investir tempo no desenvolvimento pessoal de cada um dos seus componentes, tanto quanto criar espaços (e tempos) para o desenvolvimento coletivo da equipe.


Os líderes não criam as competências, mas gerenciam as condições onde elas possam ser expressas.


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 22 - As trilhas de aprendizagem - tema Trabalho em Equipe 5


A variável criatividade como decorrência do conflito


Partimos da crença que as pessoas são naturalmente criativas, querem contribuir e se comprometer com causas e propósitos que tenham significado para elas e que contribuam para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Também afirmamos anteriormente que as pessoas são profundamente diferentes enquanto seres individuais, mas profundamente iguais enquanto espécie (somos todos humanos). É este estado potencial de criatividade que está presente em todos os seres humanos, que é despertado no indivíduo quando se acha lidando com situações reais e desafiadoras juntamente com outros indivíduos e, essas situações requerem um posicionamento comum para o seu encaminhamento.

Os conflitos, ou seja, as diferentes percepções sobre a situação, as diversas formas de interpretar e dar significado aos acontecimentos e as ideias divergentes sobre como tratá-los, constituem-se na condição necessária para o aparecimento das contribuições criativas. Somente quando os indivíduos se tornam conscientes de que suas opiniões e as dos outros são diferentes, é que eles se propõem a reexaminar seus pressupostos pessoais.

Assim um dos efeitos mais importante das divergências entre os participantes de uma equipe consiste em obter-se um mapeamento das diversas opiniões e uma tentativa de se chegar a um posicionamento comum.  O clima existente na equipe eficaz é tal que os conflitos não escalam, na realidade eles são autocontrolados naturalmente, sem degenerar para os aspectos emocionais do tipo "certo x errado" ou "eu versus você".

A equipe eficaz parece saber, intuitivamente, que onde há conflito existe também uma necessidade de maiores informações para uma análise ampliada da situação. À medida que a busca por estes dados adicionais vai ocorrendo, novas interações entre seus membros vão acontecendo e, eles disponibilizam para a equipe as suas contribuições (seus achados ou as sugestões). Geralmente estas contribuições se apresentam de uma qualidade lógica melhor, visto que vai incorporando as contribuições que foram compartilhadas.

De repente surge uma proposta ou sugestão nova, diferente e inusitada, que nenhum dos membros individualmente estava inicialmente preparado para encontrar.



Este efeito também chamado de "sinergia grupal" é a resultante dos processos de compartilhamento das ideias e sugestões individuais que foram sendo disponibilizados no decorrer das discussões e que, quando incorporadas e trabalhadas ao fluxo geral das possibilidades, geraram contribuições de qualidade mais alta do que se poderia esperar individualmente.

O efeito sinérgico é devido ao melhor emprego dos recursos existentes e emergentes na equipe (as contribuições pessoais), de tal modo que o seu resultado supera o simples somatório dos esforços individuais ou aqueles do membro mais conhecedor ou habilidoso.

Assim sendo, a criatividade é sempre um potencial disponível para qualquer equipe, pois ela também é um potencial sempre presente nas pessoas individualmente. Sua obtenção depende da maneira como a equipe trabalha e isto tem a ver com a criação das condições para o comprometimento, assunto que já abordamos anteriormente (post sobre a variável compromisso).

Vale reforçar aqui que as condições adotadas e gerenciadas pelo Líder no decorrer do processo de trabalho fazem toda a diferença na obtenção dos resultados esperados. Saber gerenciar as contribuições individuais e as contribuições coletivas da equipe no decorrer do processo de trabalho permite ao longo do tempo a obtenção de desempenhos competentes e diferenciados.


No post seguinte vamos tratar de algumas dicas sobre as condições necessárias que permitem o funcionamento eficaz de uma equipe.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 21 - As trilhas de aprendizagem - tema Trabalho em Equipe 4

A variável conflito e a forma como são resolvidas as diferenças entre seus componentes.


Um dos efeitos mais imediatos quando há ampla participação dos componentes da equipe é a enorme quantidade de ideias e sugestões diferentes sobre as formas de agir que aparecem nas conversas e discussões. Por trás de cada sugestão existe um conjunto de valores e crenças que estão fundamentando estas sugestões.

Desacordos sobre a definição de objetivos e metas, discussões acaloradas sobre a melhor estratégia para atingi-los, choques de crenças e valores pessoais, discordâncias quanto a prazos e critérios de avaliação e julgamento, tudo isto vem à tona quando a participação é efetiva e aberta. A equipe eficaz é receptiva ao aparecimento destas discordâncias e contradições, chegando mesmo ao extremo, de procurá-la quando não ocorrer. Neste sentido, a unanimidade sobre determinado assunto, sem a devida análise das razões que levou cada envolvido a este posicionamento é um evento raro e precisa ser explorado. As pessoas naturalmente são diferentes e podem chegar a conclusões muito semelhantes ou até mesmo iguais por razões bem diferentes e estas diferenças é que importam. Dois fenômenos relacionados ao conflito caracterizam as equipes eficazes e as diferenciam das equipes ineficazes. O primeiro deles está relacionado ao sentido que os participantes dão ao conflito, e o segundo, a forma pela qual o próprio conflito será trabalhado.




As equipes eficazes entendem que o conflito é fruto de um conjunto de razões pessoais que ainda não foram trabalhadas, ou ainda, um conjunto de sentimentos latentes, que se forem revelados podem ser compartilhados por todos os participantes, permitindo aproximações e novos entendimentos.

Explorando mais a fundo o processo de lidar com os conflitos, fica evidente que, se as pessoas estiverem realmente envolvidas, considerando que seus propósitos pessoais vão no mesmo sentido do propósito do tema em análise pela equipe, elas participam ativamente dos debates, dando suas opiniões, ideias e sugestões. A dinâmica da equipe possibilita que as opiniões diferentes ou até mesmo divergentes sejam expressas e conhecidas e possam ser avaliadas e testadas em sua contribuição para o melhor encaminhamento prático do tema.

Se de fato as opiniões de todos os membros forem ouvidas e consideradas, a equipe consegue com frequência que seus membros possam reavaliar suas posições pessoais e assumir uma outra que faça mais sentido dado o propósito geral do assunto que está sendo debatido. Este movimento é fundamental para a obtenção de um desempenho superior da equipe.

Portanto, a equipe eficaz é tolerante ao conflito, ela o valoriza e o considera como uma maneira de ir a fundo nas razões ou sentimentos de cada um dos seus membros. Num certo sentido as diferentes percepções são encorajadas a serem expressas e são tratadas com finalidade de lidar com as posições individuais mais radicalizadas, criando uma atmosfera muito mais adequada ao encaminhamento das soluções. Ao mesmo tempo, aumentam a possibilidade de fazer com que os resultados alcançados pela equipe reflitam as contribuições de todos os seus participantes, reduzindo as posições individuais autoritárias e egoísticas.

Enfim, as equipes eficazes experimentam ao longo do seu processo de desenvolvimento um sentimento de pertencimento, fruto da confiança mútua entre seus componentes, que foi sendo conquistada aos poucos durante toda a sua trajetória, por conta das experiências boas e ruins que foram vivenciadas conjuntamente e que permitiram o fortalecimento dos laços afetivos e o compartilhamento comum das consequências de suas escolhas. Em outras palavras, todos se sentem igualmente responsáveis pelos resultados obtidos.

Na sequência tratarei da variável criatividade, como produto que decorre das boas práticas ao se lidar com os conflitos.