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segunda-feira, 14 de abril de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 11: As trilhas de aprendizagem - temas

Para trabalhar com pessoas e, a partir delas, obter resultados distintos significativos é preciso compreender os fundamentos básicos de como elas funcionam. Longe de elaborar um tratado sobre a psicologia humana ou de partir da premissa de que todo líder deva ter a formação de psicólogo, pretendemos discorrer sobre alguns conceitos fundamentais que permitem ao líder entender e trabalhar com o comportamento das pessoas, em especial no contexto do trabalho.
Assim, vamos acrescentar os seguintes temas à trilha básica:
  • As Crenças e Valores Pessoais - principalmente aqueles ligados ao trabalho que, de certa maneira, formam a ‘filosofia gerencial’ do Líder, e funcionam como paradigmas internos (padrões) que interpretam e julgam a realidade percebida.
  • O fenômeno da Percepção Humana – os órgãos que captam os eventos  que acontecem no mundo (fenômenos da natureza) incluindo o comportamento das demais pessoas.



Na trilha complementar abordaremos a necessidade de o líder conhecer as suas próprias Preferências de Conduta. Geralmente, a realização de um assessment de seu perfil psicológico propicia uma informação de grande valia para o autoconhecimento.
Vamos relembrar aqui um breve conceito sobre Valor. Ele é um atributo intangível que toda pessoa possui e que motiva e mobiliza suas energias para fazer alguma coisa que traga benefícios e satisfação às suas necessidades e expectativas.
Não estamos tratando do sentido comum que é dado a palavra valor, como um atributo econômico que todas as coisas materiais possuem e que se traduzem num ‘preço’ relativo que permite a realização de transações comerciais.
Os valores de uma pessoa são adquiridos e moldados no decorrer do seu processo de desenvolvimento, principalmente na primeira etapa da vida (que vai do nascimento aos 21 anos). À medida que vamos ampliando a consciência sobre nós mesmos, a partir das interações realizadas com o mundo e as demais pessoas, somos capazes de ter boas pistas sobre os nossos valores.  Valores estão na base dos julgamentos e escolhas que são feitas na vida, são os indicadores mais profundos para identificar as preferências de conduta. 
Os valores tendem a ser duradouros e permanecerem orientando os comportamentos das pessoas, desde que os resultados de suas experiências se mostrem positivos para os seus interesses e tragam um sentimento de satisfação às suas necessidades. Ao contrário, as experiências ruins e negativas funcionam como uma ‘memória’ que nos alerta sobre as coisas que não valorizamos e, portanto, também influenciando as novas escolhas. Todo este processo é muito dinâmico.
Vamos trazer também um breve conceito de Crença. Ela pode ser entendida como um estado ou processo mental de profunda convicção que faz com que as pessoas considerem algo certo e verdadeiro, sem maiores justificativas racionais. Ela é adquirida a partir das próprias experiências de relacionamento com as demais pessoas e coisas presentes no mundo. Em realidade é uma disposição subjetiva que vai se formando por força das impressões sensíveis ocasionadas por suas vivências únicas e pessoais, tornando-se um traço habitual de sua personalidade, que não exige maiores reflexões ou análises objetivas.
As crenças, da mesma forma que os valores, são também formadas ao longo da vida, por influência de vários componentes, dentre eles: a família, os professores, o círculo de amigos, os colegas do ambiente profissional, pessoas dos grupos sociais que frequenta, etc.
Crenças e valores se reforçam mutuamente na conduta da pessoa e, geralmente, tendem a ser coerentes, influenciando a formação de atitudes, que finalmente vão estar visíveis nos comportamentos praticados. Fica mais fácil ver a diferença através de exemplos:

  • Crença: Eu acredito que todas as pessoas têm o direito de expressarem suas opiniões.
  • Valor: eu valorizo ouvir as opiniões das pessoas, mesmo quando existem obstáculos e dificuldades para que isto aconteça.

  • Crença: Eu acredito em Deus.
  • Valor: eu valorizo os ensinamentos sagrados e tenho convicção das práticas religiosas.



As crenças são também duradouras e influenciam fortemente a formação das atitudes e do comportamento de uma pessoa.  Mas elas também são passíveis de mudanças. Estas mudanças ocorrem principalmente devido às experiências pelas quais a pessoa passou, que proporcionaram resultados bem diferentes daqueles que eram esperados (expectativas não realizadas).

No próximo post vamos tratar a trilha complementar sobre o perfil psicológico das pessoas e suas preferências de condutas.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE ELABORAÇÃO DE TRILHA DE APRENDIZADO EM LIDERANÇA E GESTÃO - Post 10: As trilhas de aprendizagem - temas

Retomando a trilha de aprendizagem, vale a pena trazer uma imagem que possa nos acompanhar, à medida que vamos adicionando os temas de conteúdos que deverão ser trabalhados.
Consideramos na figura acima os temas já mencionados (post anterior) como ‘obrigatórios’, visto que os mesmos lidam imediatamente com as grandes necessidades impostas pela grande transição que representa assumir uma posição de líder e gestor. Mas também trazemos, como complementares, dois outros temas que representam uma ‘novidade’ para o profissional que agora assume responsabilidades de gestão.
O primeiro deles “Lidando com as Diferentes Gerações” trabalha com um assunto que tem ocupado a agenda dos líderes nos últimos 5 anos. A chamada “Geração Y” (jovens nascidos entre 1980 e 2000) que já está ocupando posições de liderança nas organizações. Normalmente eles são percebidos como “superficiais, insubordinados, folgados e egoístas”, afinal nasceram e cresceram (em se tratando de Brasil) no período da retomada da democracia, do advento da internet e do mundo digital e com a quebra dos paradigmas da educação tradicional. Foram, de certa forma, estimulados a buscar o melhor para a sua vida e carreira e, em grande parte, protegidos pelos pais, que arcaram com seus estudos e necessidades e propiciam condições e proteção, que eles próprios não tiveram. Isto os levou a assumirem as consequências de seus atos mais tarde (responsabilidades) e boa parte desta geração (principalmente pertencente às classes B e C) só se deparou com o mundo do trabalho após formada ou no último ano, como estagiário ou trainee (portanto, com mais de 22 anos).
As empresas se deram conta que esta geração tem qualidades e competências que são fundamentais para lidar com um mundo que está conectado permanentemente. Eles também estão amadurecendo. E o sinal mais evidente disto é que mais de 20% das posições de liderança de primeira linha (supervisores e encarregados) já são ocupadas por eles.
Neste novo papel, estão se defrontando com situações que requerem respostas consistentes oriundas de um aprofundamento nas questões e, para tanto, necessitam desenvolver novas habilidades. Contudo, a marca da geração permanece, continuam irrequietos. Se não estão satisfeitos, eles partem para novas buscas onde possam realizar seus sonhos e expectativas.
O outro tema, que pode ser tratado logo no início da trilha, tem a ver com o futuro e está diretamente atrelado ao tema ‘mudanças’, já tratado.
Os Cenários Atuais e as Tendências no Ambiente de Negócios se constituem no aprendizado contínuo para qualquer posição de liderança, que se renova anualmente devido às grandes alterações que estão ocorrendo no contexto de atuação.
O futuro sempre traz surpresas; o importante é saber com quais podemos contar. Como diz Peter Schwartz, cofundador e presidente da Global Business Network, autor do livro A Arte da Visão de Longo Prazo: “Podemos contar com muitas coisas, mas vale a pena manter especialmente três delas em mente, em qualquer contexto turbulento:

  • Primeira: Sempre teremos surpresas;
  • Segunda: Conseguiremos lidar com elas;
  • Terceira: Muitas podem ser previstas. Na verdade, podemos fazer algumas suposições bastante boas acerca de como a maioria se dará.
Mas não conheceremos suas consequências ou como nos afetarão. Isto é possível, devido à natureza dos elementos predeterminados, isto é, aquilo que podemos prever com certeza porque já vimos seus primeiros estágios na atualidade. São forças que atuam nos acontecimentos sociais.”
O exercício de elaboração de cenários permite ao líder um aprendizado de extrema utilidade. Ele aprende a lidar com a antecipação das possíveis ocorrências, a trabalhar com variáveis possíveis e a estabelecer relações inusitadas dos acontecimentos.
Elaborar cenários não é uma ciência exata, está mais para uma atividade artística de criar imagens dos futuros possíveis. As relações de causa e efeito tão determinísticas dos acontecimentos passados cede lugar ao estabelecimento de conexões não testadas de variáveis, cujo ambiente de ocorrência está sempre aberto a novos e diferentes acontecimentos. É uma atividade onde a avaliação dos riscos e oportunidades sempre está presente, um grande desafio à imaginação e à intuição.
Novamente usando as palavras de Peter: “Num mundo onde ocorrem crises a intervalos regulares, as quais mudam profundamente as premissas básicas sobre o funcionamento das coisas, a estratégia mais eficiente é a flexibilidade consciente, isto é, manter um equilíbrio entre as reações de curto prazo e a visão de longo prazo, e providenciar a preparação necessária, de modo a poder mudar rapidamente de direção se houver necessidade.”

No próximo post vamos tratar do tema central que envolve a atuação do líder – os fundamentos do comportamento humano.