Como de fato mudamos?
Ao analisar o processo identificamos
que a mudança mais imediata que praticamos é a do conhecimento. Literalmente somos bombardeados dia e noite por uma
quantidade avassaladora de informações. Essa é a marca de nossos tempos.
Recebemos informações de toda natureza e origem em todos os momentos. Estamos
constantemente mudando o nosso conhecimento da realidade que nos cerca. Um dos
problemas críticos atualmente, ao falarmos de aprendizado, é aprender a lidar
com a discriminação das informações, no sentido de apropriá-las adequadamente
aos propósitos pessoais e profissionais. Esta mudança cognitiva não impõe
grandes esforços, ela se dá pelo processo de percepção.
Em seguida vem uma nova etapa do
processo, bastante complicada e altamente pessoal. A informação recebida (ou
percebida) é trabalhada internamente e será confrontada com os nossos padrões,
crenças e valores e o modelo mental vigente. Irá despertar o interesse e se
transformará num motivo para a adoção de um novo comportamento, ou será
rejeitado por não ter ocasionado interesse.
Nosso cérebro é seletivo e econômico
e descarta muitas informações que não se alinham com os padrões e paradigmas já
instalados. Esta etapa, que apresentamos de forma bem simplificada é chamada de
formação de atitude. As atitudes são as nossas escolhas, quando assumimos uma
atitude nos decidimos por um curso de ação. Elas precedem o comportamento, são
disposições para agir em conformidade com os valores e interesses presentes ou
ainda nas suas modificações.
A outra etapa é aquela que envolve a
ação. É a etapa mais evidente do processo de mudança, pois a modificação do
comportamento se torna concreta. É possível ser verificada e, na grande maioria
das vezes, pode ser mensurada. De fato, aqui são averiguadas as alterações que
ocorreram, os novos comportamentos, o novo estado das coisas, as novas formas,
etc. Nesta etapa é que são experimentadas as novas formas de agir e onde os
riscos em mudar se mostram e precisam ser enfrentados.
Nesta perspectiva, vale a pena
trazer as contribuições de William Bridges, consultor americano que fez uma
distinção importante entre mudança e transição, ao lidar com indivíduos e
organizações nas últimas décadas. Suas afirmações estão muito alinhadas com as
nossas afirmativas de que para mudar é preciso que mudemos duas vezes.
Ele nos diz o seguinte: “Uma coisa é uma mudança no mundo que nos
cerca, enquanto uma transição é o processo interno que atravessamos em resposta
a esta mudança externa”.
As mudanças são eventos e situações
que estão ocorrendo ao nosso redor e se estivermos atentos, as percebemos e
damos respostas que podem ser uma rejeição ao novo (resistência) ou um novo
comportamento (adaptação). E esta adaptação será decorrente do processo de
transição, altamente pessoal e único.
As transições são experiências
internas que ocorrem em nossa maneira de construir o novo comportamento. Independentemente
da natureza da mudança que a desencadeia, a transição segue uma processo que é
conhecido e previsível. São três fases que se sobrepõem:
- Uma finalização, durante a qual a pessoa se desvincula da identidade anterior e rompe com a maneira como as coisas eram. Podemos traçar um paralelo com a etapa de formação de uma nova atitude que mencionamos anteriormente, uma vez percebida uma mudança no mundo exterior.
- Uma zona neutra, na qual a pessoa se encontra entre duas maneiras de ser e fazer, tendo perdido a antiga, mas ainda não tendo encontrado um modo de conviver com a nova. Aqui o paralelo é com a experimentação de novas formas de agir e suas consequências, exige muita disposição e coragem, é o início do processo real de mudança do comportamento.
- Um reinício, em que a pessoa passa a sentir-se novamente confortável e em equilíbrio com a nova identidade baseada nas novas condições. Nesta fase, a experimentação anterior foi bem sucedida e o novo comportamento se mostrou eficaz, atingindo os resultados esperados e, portanto, passa a ser o padrão de referência.
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