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quarta-feira, 6 de março de 2013

As pessoas resistem às mudanças? (parte3)

Uma afirmativa muito comum: ‘as pessoas resistem às mudanças’. Costumo tratar esta frase de modo diferente, pois como afirmamos anteriormente as pessoas apresentam uma disposição inata para o aprendizado e por extensão para a mudança. Acredito que as pessoas não resistem às mudanças, elas resistem serem mudadas. Parece sutil e gramaticalmente é mesmo, mas do ponto vista do fundamento é muito diferente. 

Um processo de mudança pensado e conduzido por você mesmo - ou como denomina Bridges a transição - que ocorre de forma consciente é muito diferente daquele onde você acaba sendo induzido a aceitar e com as quais não se identifica, ou até mesmo que não estão alinhadas com seus valores e crenças pessoais. 
Bridges afirma que as pessoas, realmente, resistem à transição que é constituída de três experiências muito perturbadoras: 
  1. Resistem a dizer adeus ao mundo que lhes deu sua identidade e seus sentimentos de realização e felicidade, onde há o predomínio de nosso modelo mental, dominado pelos valores, padrões e hábitos conhecidos e aceitos. O nosso cérebro é econômico e busca simplificar tudo, fazendo que nossas ações ocorram na zona de conforto. A força do novo tem que se mostrar intensa para romper com o costumeiro e confortável comportamento. Há a necessidade de muita presença e consciência para este rompimento.
  2. Resistem à caótica confusão da zona neutra, onde parece que tudo está ao alcance para ser agarrado, só que ninguém conhece as regras do jogo. Literalmente tudo está suspenso no ar, não há domínio, há muito desconforto, dúvidas, insegurança e risco, sem padrões definidos. É o processo de questionamentos e formação de novas atitudes, onde a força do conhecido se depara com intensidade do desejado. Aqui os riscos envolvidos são visualizados, cotejados e superados, pois caso contrário às novas formas de agir não serão levadas para a prática.  
  3. Finalmente resistem a experimentar alguma coisa completamente estranha e ao mesmo tempo acreditando num modo tão diferente de ser e fazer. De fato, a experimentação é que propicia a condição do desapego ao velho mundo, somente quando o novo comportamento começa mostrar resultados mais alinhados como o desejo e objetivo da mudança é que de fato ele se instalará. Está fase é que consolida uma nova consciência e, portanto, a mudança do comportamento deixa de ser tímida e experimental (não há mais vontade de voltar ao velho mundo) e passa a ser novo padrão de ação e reação. 
Só existem bons inícios se existirem bons términos. Frase atribuída a Bridges, que encerra uma recomendação importante para o processo de mudança. É preciso gastar o tempo necessário na zona neutra, investimento que pode ser entendido como o período de experimentação, para reorientar e testar as novas crenças, valores, atitudes mediante a experiência dos novos comportamentos, estando muito atento ao feedback dos impactos e consequências que eles proporcionaram. 
Um novo começar ou reinicio será mais bem sucedido se a passagem pela zona neutra for adequadamente vivenciada. Estar disponível para o novo é ter deixado para trás o que já foi. Mudar é ter realizado todos os términos e transições necessárias.

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