Eficácia do trabalho em equipe, realidade ou ficção?
Existem crenças arraigadas, por parte dos líderes, sobre a
eficácia dos trabalhos em equipe. Boa parte deles acredita fortemente no
trabalho em equipe e, portanto, sua maneira de gerenciar evidencia esta
abordagem, como a forma privilegiada de enfrentar os desafios.
Outra parte acredita que equipes são ameaças às suas
posições de liderança e que pessoas se agrupando não vão realizar o trabalho,
por conta da irreconciliável natureza humana - individualista e egocêntrica.
Será o trabalho em equipe realmente mais eficaz do que o
trabalho individual?
Será também que a equipe é a solução para todos os problemas
organizacionais?
A resposta para a primeira pergunta é sim, desde que
determinadas condições sejam aceitas e praticadas pelos próprios participantes
da equipe e por seu líder. Dezenas de pesquisas têm demonstrado que pessoas
atuando em equipe são capazes de produzir resultados significativamente
melhores do que indivíduos isoladamente se, de fato, algumas variáveis se
fizerem presentes no transcorrer do processo. Assim, como nos ensina Jay Hall,
a eficácia das equipes é uma função:
- do compromisso, e como ele é alcançado;
- do conflito, e como é administrado;
- da criatividade, e como vem à superfície, e
- do consenso, como regra decisória que incorpora as outras variáveis.
A resposta para a segunda pergunta é não, dependendo da
natureza dos problemas, se simples ou complexos. Uma boa parte dos problemas
que ocorrem nas organizações é simples e as informações para a sua análise se
acham concentradas e não distribuídas, da mesma forma que os recursos
disponibilizados. Portanto, o encaminhamento, não exigirá o envolvimento de uma
equipe, podendo o trabalho individual ser mais rápido e eficaz.
Contudo, sempre que a natureza do problema for complexa,
envolvendo um conjunto de variáveis que se acham distribuídas pela organização,
sejam elas de informações, recursos e capacidades para a solução diferenciada,
o trabalho em equipe será sempre melhor que o trabalho individual, desde que as
condições apontadas na primeira questão sejam seguidas.
Vale a pena nos estendermos um pouco mais sobre as condições
que favorecem o aprendizado do trabalho em equipe. As contribuições dos estudos
de Jay Hall (Em Busca da Eficácia Grupal - Teleometrics Int’l - 1969),
conduzidos nos meados do século passado, se mostram, nas suas conclusões,
atuais e significativas. Como apontamos anteriormente são quatro as condições
que permitem a obtenção da eficácia.
A variável compromisso
O compromisso (ou o comprometimento) pode ser descrito como
o sentimento de atração muito pessoal de pertencimento (sentido de pertencer)
que atua como a força motriz da união que mantém uma equipe coesa. É um estado
psicológico que serve como orientador íntimo de cada membro da equipe e que se
manifesta coletivamente na forma de esforço grupal concentrado. Assim sendo,
não pode ser obtido pela coerção, persuasão, duplicidade ou pela estima
incondicional. O compromisso é autogerado no próprio indivíduo, é um potencial
existente em todo o ser humano e é despertado naturalmente como consequência do
seu envolvimento propositado. Os estímulos provenientes da liderança para que
as pessoas se envolvam e façam parte de um grupo ou equipe que tem que lidar
com um determinado trabalho, têm um propósito real e objetivos consistentes e desafiadores
e que dão início ao despertar do compromisso.
A sensação de comprometimento que uma pessoa experimenta é
decorrência direta do grau de participação e envolvimento que este mesmo
indivíduo teve com as atividades que foram realizadas em equipe. O sentimento
de satisfação, extremamente pessoal, experimentado no decorrer do processo de
trabalho em equipe, onde a cooperação e ajuda mútua é a tônica dos
relacionamentos interpessoais, leva os participantes da equipe a satisfazerem
suas necessidades de participação e envolvimento mutuamente.
Todos nós queremos fazer parte de algo que traga significado
e sentido às nossas vidas. Talvez o trabalho seja um dos maiores motivos.
No próximo post, darei continuidade falando sobre a variável
conflito.
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