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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Valores, Crenças, Atitudes e Comportamentos (quinta parte)

Falamos em valores e crenças, como podemos identificá-los?

A forma muito particular de como a pessoa percebe as outras pessoas em relação a sua presença no mundo (em especial no mundo do trabalho), metaforicamente pode ser comparada a usar um par de lentes pessoais que orienta toda a sua percepção. Estas lentes filtram a visão dos eventos que estão sendo capturados da realidade. Podemos entender que elas funcionam como um paradigma (conjunto das nossas crenças e valores sobre a natureza humana) e que permitem interpretar, de uma maneira muito pessoal, o valor e a crença que estas pessoas têm para mim (em especial no ambiente de trabalho).

Estas crenças e o valor a elas associado foram muito estudadas por Douglas McGregor, um grande estudioso do comportamento humano que formulou uma teoria que explicava, em grande parte, porque as pessoas agiam de determinadas maneiras ao conduzirem (liderarem) outras pessoas no trabalho. Seus estudos ficaram conhecidos como “Teoria X e Teoria Y”, sendo hoje um clássico da literatura em administração, em especial no que se refere à gestão de pessoas. Apesar de sua pesquisa inicial estar no campo clínico, foi muito bem apropriada para o ambiente do trabalho. Mas ela se aplica também ao contexto geral de atuação das pessoas em diversos ambientes. 

As premissas a que chegou resumidamente dizem que:

Teoria Y: Se minhas crenças são de que as pessoas são capazes, criativas, responsáveis, têm autocontrole e gostam de trabalhar com as atividades que tenham significado para elas, provavelmente eu as tratarei de forma que elas se sintam valorizadas e possam expressar estas qualidades no trabalho (ou em outros ambientes);

Teoria X: Por outro lado, se minhas crenças são de que as pessoas não são capazes, são pouco criativas, não assumem responsabilidades, precisam ser controladas de perto e evitam o trabalho, muito provavelmente eu as tratarei de forma a obriga-las a fazerem aquilo que não gostam e precisarei exercer permanente poder e controle sobre suas atividades. 
 
O interessante é sua proposição daquilo que chamou de ‘profecia que se auto- realiza’, que diz: as crenças de uma pessoa orientam o seu julgamento e por extensão o seu comportamento. Portanto, ela vai agir de forma a induzir o comportamento do outro a ser do jeito que sua crença previa. Exemplificando, se eu acredito que as pessoas que trabalham comigo são despreparadas e não gostam de trabalhar, meu estilo de supervisioná-las é agir com rédea curta, controlando cada etapa do trabalho, estando sempre presente e intervindo no trabalho delas, para evitar os erros que, com certeza vão cometer. Em resumo, eu não acredito nelas e elas vão confirmar esta crença em função da maneira como eu as trato (meus próprios comportamentos com elas).

Ora, este meu estilo faz com que as pessoas continuem do mesmo jeito e, portanto, confirma minhas crenças nas suas incompetências. O mesmo processo acontece para a situação inversa, quando eu acredito nas capacidades das pessoas. Elas se mostram capazes, motivadas, criativas, etc., porque eu as tratei de forma a demonstrar meu apreço e crença nas suas capacidades, o que as estimulou a usarem o melhor de suas competências e capacidades.

A grande lição que tiramos desta teoria é que, se quero mudar as pessoas, eu preciso primeiro mudar minhas crenças sobre elas, valorizá-las e, principalmente, agir de forma diferente, para que elas possam mudar. Em resumo, eu preciso mudar o sinal que estou emitindo (ações) para que as pessoas mudem as respostas. 

Aqui é que entra a questão da atitude. Eu preciso ter uma nova atitude (uma decisão pessoal) que será percebida pelas pessoas através das novas formas de agir com elas, para então obter novas respostas.

A princípio, as demais pessoas irão estranhar minhas novas atitudes e comportamento, poderão até mesmo ficar desconfiadas de minhas intenções, afinal de contas eu vinha agindo assim há tanto tempo e de repente, uma novidade! Será preciso disposição, paciência e constância da minha parte nas novas formas de comportamento, para que elas (as pessoas de meu convívio) também aceitem e mudem suas formas de respostas. 

No próximo post falaremos sobre o que é uma atitude. 

 

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