Para concluir a compreensão do primeiro elemento básico que apontamos no post anterior – a compreensão ampliada do papel de cada um na organização – vamos destacar outro aspecto muito importante do papel. Ele também contribui para o processo de identificação da pessoa com organização, através da realização do trabalho (indicando motivos e estimulando a motivação de cada um) e da participação nos rituais da vida organizacional (permitindo a expressão do sentimento de pertencimento e os vínculos de comprometimento com o trabalho e com a própria organização).
A apreensão do papel, isto é, a compreensão do seu significado, é altamente individualizada e se dá pelo conjunto de valores e crenças pessoais. Neste sentido, o papel assume uma dimensão distinta daquela para o qual foi planejado e prescrito pela organização; provavelmente tem muito mais a ver com os objetivos e necessidades pessoais dos profissionais que o estão desempenhando.
Portanto, para uma compreensão ampla e profunda das implicações da assimilação do papel profissional, considere os dois aspectos básicos envolvidos:
- O aspecto formal: ele é prescritivo e estrutural, definido e determinado pela organização e expresso formalmente na descrição do cargo, e
- O aspecto pessoal: ele é desestruturado e dinâmico, depende da compreensão e interpretação que cada pessoa dá ao papel que lhe foi atribuído, com base no seu sistema pessoal de crenças e valores. Outros elementos da cultura da organização que não estão diretamente ligados ao trabalho também influenciam esta apreensão.
Neste sentido é recomendável entender o papel profissional como um ‘artefato’ que permite a pessoa manter relacionamentos no ambiente de trabalho. Vale destacar que o contexto organizacional é relacional – a vida profissional é centrada nas relações que se estabelecem com as demais pessoas neste ambiente. São pessoas que também se encontram no desempenho de ‘papéis’ de: clientes, fornecedores (internos e externos à organização), chefes, pares, subordinados, colegas e companheiros atuantes em diversas áreas e com diferentes papéis.
Este relacionamento é crucial, no sentido de que as pessoas refletem para você uma percepção e, portanto, um julgamento (que pode ser positivo ou negativo) de sua conduta e desempenho no papel a si atribuído neste ambiente. A questão central que deve ser levantada e analisada com mais propriedade por cada individuo é seguinte:
Qual o significado que atribuo ao meu papel nesta empresa, neste momento, dentro das atuais circunstâncias?
A resposta invariavelmente vai confrontar com suas necessidades e desejos, isto é, com os motivos de sua escolha profissional e ainda, com suas perspectivas de desenvolvimento, isto é, com os desafios atuais e futuros que mobilizam suas energias para o desenvolvimento de suas capacidades latentes e potenciais, que ainda não foram testadas. Finalmente ela permite que você tenha consciência do seu ajustamento (processo de adaptação) à cultura da organização, pois existe uma coerência e identidade dos valores organizacionais com os seus próprios.
O segundo elemento apontado é o conhecimento da estratégia geral do negócio. Sua natureza é mais objetiva e também mais fácil de ser trabalhada. Aliás, quando a compreensão do papel organizacional se dá de forma ampliada, grande parte deste conhecimento acaba acontecendo. Qualquer que seja sua posição na organização é preciso conhecer a razão pela qual o trabalho é realizado. Geralmente a estratégia revela esta razão.
Vale a pena lembrar aqui que a estratégia é uma escolha pensada do posicionamento pretendido pela organização no mercado. Em palavras bem simples é uma aposta, portanto, onde a organização vai colocar suas fichas (recursos).
Uma constatação preocupante, nas posições gerenciais intermediárias e de base, é que quase sempre a estratégia de negócios é pouco conhecida ou mesmo desconhecida. Como consequência, a razão objetiva do trabalho ser realizado fica sem resposta, e isto, tem implicações no desempenho dos funcionários.
No próximo post vamos tratar do terceiro elemento - o relacionamento entre o indivíduo, a equipe a que pertence e o gestor que lidera sua área de atuação.
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