Um dos efeitos mais imediatos quando há ampla participação
dos componentes da equipe é a enorme quantidade de ideias e sugestões
diferentes sobre as formas de agir que aparecem nas conversas e discussões. Por
trás de cada sugestão existe um conjunto de valores e crenças que estão
fundamentando estas sugestões.
Desacordos sobre a definição de objetivos e metas,
discussões acaloradas sobre a melhor estratégia para atingi-los, choques de
crenças e valores pessoais, discordâncias quanto a prazos e critérios de
avaliação e julgamento, tudo isto vem à tona quando a participação é efetiva e
aberta. A equipe eficaz é receptiva ao aparecimento destas discordâncias e
contradições, chegando mesmo ao extremo, de procurá-la quando não ocorrer.
Neste sentido, a unanimidade sobre determinado assunto, sem a devida análise
das razões que levou cada envolvido a este posicionamento é um evento raro e
precisa ser explorado. As pessoas naturalmente são diferentes e podem chegar a
conclusões muito semelhantes ou até mesmo iguais por razões bem diferentes e estas
diferenças é que importam. Dois fenômenos relacionados ao conflito caracterizam
as equipes eficazes e as diferenciam das equipes ineficazes. O primeiro deles
está relacionado ao sentido que os participantes dão ao conflito, e o segundo,
a forma pela qual o próprio conflito será trabalhado.
As equipes eficazes entendem que o conflito é fruto de um
conjunto de razões pessoais que ainda não foram trabalhadas, ou ainda, um
conjunto de sentimentos latentes, que se forem revelados podem ser
compartilhados por todos os participantes, permitindo aproximações e novos
entendimentos.
Explorando mais a fundo o processo de lidar com os
conflitos, fica evidente que, se as pessoas estiverem realmente envolvidas,
considerando que seus propósitos pessoais vão no mesmo sentido do propósito do
tema em análise pela equipe, elas participam ativamente dos debates, dando suas
opiniões, ideias e sugestões. A dinâmica da equipe possibilita que as opiniões
diferentes ou até mesmo divergentes sejam expressas e conhecidas e possam ser
avaliadas e testadas em sua contribuição para o melhor encaminhamento prático
do tema.
Se de fato as opiniões de todos os membros forem ouvidas e
consideradas, a equipe consegue com frequência que seus membros possam
reavaliar suas posições pessoais e assumir uma outra que faça mais sentido dado
o propósito geral do assunto que está sendo debatido. Este movimento é
fundamental para a obtenção de um desempenho superior da equipe.
Portanto, a equipe eficaz é tolerante ao conflito, ela o
valoriza e o considera como uma maneira de ir a fundo nas razões ou sentimentos
de cada um dos seus membros. Num certo sentido as diferentes percepções são
encorajadas a serem expressas e são tratadas com finalidade de lidar com as
posições individuais mais radicalizadas, criando uma atmosfera muito mais
adequada ao encaminhamento das soluções. Ao mesmo tempo, aumentam a
possibilidade de fazer com que os resultados alcançados pela equipe reflitam as
contribuições de todos os seus participantes, reduzindo as posições individuais
autoritárias e egoísticas.
Enfim, as equipes eficazes experimentam ao longo do seu
processo de desenvolvimento um sentimento de pertencimento, fruto da confiança
mútua entre seus componentes, que foi sendo conquistada aos poucos durante toda
a sua trajetória, por conta das experiências boas e ruins que foram vivenciadas
conjuntamente e que permitiram o fortalecimento dos laços afetivos e o
compartilhamento comum das consequências de suas escolhas. Em outras palavras,
todos se sentem igualmente responsáveis pelos resultados obtidos.
Na sequência tratarei da variável criatividade, como produto
que decorre das boas práticas ao se lidar com os conflitos.
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