Falamos anteriormente que método de ensino e aprendizagem de
adultos é a Andragogia e para tanto vamos diferenciá-la da tão conhecida
Pedagogia.
A Pedagogia tem sua origem por volta do século VII, nas
chamadas escolas monásticas que tinham como objetivo principal a formação e o
ensino dos meninos para o sacerdócio. Os professores tinham como objetivos a
doutrinação dos alunos (crianças e jovens) na fé e nos rituais da igreja e este
conjunto de pressupostos sobre aprendizagem e estratégias de ensino recebeu o
nome de pedagogia, que significa literalmente “a arte e a ciência de ensinar
crianças” (derivada da palavra grega paid, que significa ‘criança’ e agogus
‘lider de’). (*)
A Andragogia, como um modelo integrado de ensino e
aprendizado, é bem recente, surge por volta 1949, com a publicação do livro The
Mature Mind de Harry Overstreet. Mas o conceito já vinha se desenvolvendo há um
bom tempo na Europa (andragogik). Foi cunhado pela primeira vez por um
professor alemão do ensino fundamental, Alexander Kapp, em 1833. O significado
do termo, substituindo o ‘paid’ por ‘ándros’ fica evidente: “a arte e a ciência
de ensinar adultos”. (*)
O que caracteriza o adulto basicamente é o exercício livre
de sua vontade (além de outros atributos biológicos e psicológicos). As
crianças e jovens, de certa forma, são obrigadas a frequentar a escola,
enquanto os adultos têm a liberdade de escolher, podem abandonar situações de
ensino que não lhes agradam.
Esta condição básica faz toda a diferença. E dela derivam as
principais premissas que orientam o ensino e aprendizagem de adultos, a saber:
“Os adultos devem ter
desejo de aprender”. Despertar a sua motivação íntima para que se interesse
pela aquisição de conhecimentos ou habilidades decorre de propiciar consciência
sobre as suas necessidades e das perspectivas de melhorias que pode
alcançar.
“Os adultos
aprenderão somente o que sentem necessidade de aprender”. Os métodos e
recursos de aprendizagem devem propiciar evidências sobre a aplicabilidade dos
conteúdos que estarão sendo trabalhados nas situações de aprendizagem. Os
ensinamentos devem ser simples e diretos para que a viabilidade de seu uso
satisfaça a necessidade latente.
“Os adultos aprendem
fazendo”. Pesquisas indicam que 50% do que aprendem de forma passiva é
esquecido em 1 ano e este percentual pode subir a 80%, no segundo ano. A
retenção de conhecimento é mais elevada quando a pessoa participa ativamente do
processo de aprendizagem.
“A aprendizagem
ocorre em soluções de problemas e os problemas devem ser reais”. No
contexto profissional, os problemas devem ser provenientes do ambiente de
trabalho e permitir o uso dos conhecimentos e experiências que cada um possui e
ainda permitir a busca de novas soluções factíveis e práticas. A partir da
efetividade alcançada é que serão deduzidos princípios e generalizações que
possam ser aplicados a outras situações e problemas em seu trabalho.
“Os novos
conhecimentos devem ser relacionados com suas experiências anteriores e/ou
integrados às mesmas”. Boa parte do aprendizado pode ser um aperfeiçoamento
do já conhecido, desta forma ampliando suas competências (premissa anterior).
Pode ser também algo novo que não esteja diretamente relacionado às suas
experiências e neste contexto é preciso demonstrar como a nova competência se
integra ao já existente, proporcionando novos conhecimentos ou habilidades em
seu comportamento.
“Adultos aprendem
melhor em ambiente informal”. Estruturas rígidas ou métodos centrados
somente no ensino, impondo formas e formalidades, implicam em grande parte das
vezes rejeição, desinteresse e bloqueios na assimilação dos conteúdos e,
portanto, do aprendizado. Os métodos devem ser centrados nas suas facilidades
e/ou dificuldades de assimilar o aprendizado.
“Os adultos querem
sentir que são responsáveis por sua própria aprendizagem”. O que
indiretamente tem a ver com a escolha sobre o que e como aprender. Há a
necessidade de o próprio aprendiz participar da escolha do programa, melhor
ainda, da estruturação de sua trilha de aprendizagem, considerando suas
necessidades pessoais e profissionais. A possibilidade de autoavaliação e
avaliações compartilhadas permitem e fortalecem os compromissos com as mudanças
comportamentais desejadas.
No próximo post vamos abordar o uso destas premissas no
contexto real da atividade do facilitador do processo de aprendizagem de
adultos.
(*) Adaptado do Livro Aprendizagem de Resultados, Malcolm S.
Knowles, Elwood F. Halton III e Richard A. Swanson, Editora Campus.
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