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quinta-feira, 26 de março de 2015

Processo de Aprendizagem em Liderança - Post 3/2015 - Método Premissas

Falamos anteriormente que método de ensino e aprendizagem de adultos é a Andragogia e para tanto vamos diferenciá-la da tão conhecida Pedagogia.

A Pedagogia tem sua origem por volta do século VII, nas chamadas escolas monásticas que tinham como objetivo principal a formação e o ensino dos meninos para o sacerdócio. Os professores tinham como objetivos a doutrinação dos alunos (crianças e jovens) na fé e nos rituais da igreja e este conjunto de pressupostos sobre aprendizagem e estratégias de ensino recebeu o nome de pedagogia, que significa literalmente “a arte e a ciência de ensinar crianças” (derivada da palavra grega paid, que significa ‘criança’ e agogus ‘lider de’). (*)

A Andragogia, como um modelo integrado de ensino e aprendizado, é bem recente, surge por volta 1949, com a publicação do livro The Mature Mind de Harry Overstreet. Mas o conceito já vinha se desenvolvendo há um bom tempo na Europa (andragogik). Foi cunhado pela primeira vez por um professor alemão do ensino fundamental, Alexander Kapp, em 1833. O significado do termo, substituindo o ‘paid’ por ‘ándros’ fica evidente: “a arte e a ciência de ensinar adultos”. (*)

O que caracteriza o adulto basicamente é o exercício livre de sua vontade (além de outros atributos biológicos e psicológicos). As crianças e jovens, de certa forma, são obrigadas a frequentar a escola, enquanto os adultos têm a liberdade de escolher, podem abandonar situações de ensino que não lhes agradam.

Esta condição básica faz toda a diferença. E dela derivam as principais premissas que orientam o ensino e aprendizagem de adultos, a saber:

“Os adultos devem ter desejo de aprender”. Despertar a sua motivação íntima para que se interesse pela aquisição de conhecimentos ou habilidades decorre de propiciar consciência sobre as suas necessidades e das perspectivas de melhorias que pode alcançar. 

“Os adultos aprenderão somente o que sentem necessidade de aprender”. Os métodos e recursos de aprendizagem devem propiciar evidências sobre a aplicabilidade dos conteúdos que estarão sendo trabalhados nas situações de aprendizagem. Os ensinamentos devem ser simples e diretos para que a viabilidade de seu uso satisfaça a necessidade latente.

“Os adultos aprendem fazendo”. Pesquisas indicam que 50% do que aprendem de forma passiva é esquecido em 1 ano e este percentual pode subir a 80%, no segundo ano. A retenção de conhecimento é mais elevada quando a pessoa participa ativamente do processo de aprendizagem.

“A aprendizagem ocorre em soluções de problemas e os problemas devem ser reais”. No contexto profissional, os problemas devem ser provenientes do ambiente de trabalho e permitir o uso dos conhecimentos e experiências que cada um possui e ainda permitir a busca de novas soluções factíveis e práticas. A partir da efetividade alcançada é que serão deduzidos princípios e generalizações que possam ser aplicados a outras situações e problemas em seu trabalho.

“Os novos conhecimentos devem ser relacionados com suas experiências anteriores e/ou integrados às mesmas”. Boa parte do aprendizado pode ser um aperfeiçoamento do já conhecido, desta forma ampliando suas competências (premissa anterior). Pode ser também algo novo que não esteja diretamente relacionado às suas experiências e neste contexto é preciso demonstrar como a nova competência se integra ao já existente, proporcionando novos conhecimentos ou habilidades em seu comportamento.

“Adultos aprendem melhor em ambiente informal”. Estruturas rígidas ou métodos centrados somente no ensino, impondo formas e formalidades, implicam em grande parte das vezes rejeição, desinteresse e bloqueios na assimilação dos conteúdos e, portanto, do aprendizado. Os métodos devem ser centrados nas suas facilidades e/ou dificuldades de assimilar o aprendizado.

“Os adultos querem sentir que são responsáveis por sua própria aprendizagem”. O que indiretamente tem a ver com a escolha sobre o que e como aprender. Há a necessidade de o próprio aprendiz participar da escolha do programa, melhor ainda, da estruturação de sua trilha de aprendizagem, considerando suas necessidades pessoais e profissionais. A possibilidade de autoavaliação e avaliações compartilhadas permitem e fortalecem os compromissos com as mudanças comportamentais desejadas.

No próximo post vamos abordar o uso destas premissas no contexto real da atividade do facilitador do processo de aprendizagem de adultos.


(*) Adaptado do Livro Aprendizagem de Resultados, Malcolm S. Knowles, Elwood F. Halton III e Richard A. Swanson, Editora Campus.

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