Em qual contexto se dá o aprendizado do adulto?
Inicialmente é bom deixar claro que a disposição para o
aprendizado, tanto na criança como no adulto, é uma disposição natural e, pelo
que até hoje se sabe, fundamental para a própria sobrevivência. Assim, de
maneira geral, as pessoas querem e precisam aprender.
Este aprendizado começa desde o momento do nascimento e se
prolonga até o final da vida. O contexto onde ele corre é múltiplo, variado e
tem a ver com as experiências de cada pessoa, nas diferentes fases de sua vida.
Ao olhar este caminho de aprendizado na perspectiva
biográfica, vamos identificar que as três primeiras fases da vida (os três
primeiros setênios) são consideradas como o período marcado pelo impulso do
aprendizado. Não que nas demais fases da vida deixamos de aprender, ao
contrário, continuamos a aprender sempre, mas outras tarefas se mostram como
maior intensidade. As influências neste período podem ser bem caracterizadas e
até mesmo mapeadas, caso haja interesse. Assim, resumidamente temos:
Fase da Vida
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Período
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Fonte de Influência e Aprendizado
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Primeira Fase
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0 - 7 anos
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A família é centro de
referência. Quase tudo aprendido por imitação.
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Segunda Fase
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8 - 14 anos
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A escola e professores
são referência. Boa parte é apreendida por dedicação aos estudos.
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Terceira Fase
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15 - 21 anos
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A família, a escola, os
amigos, colegas de trabalho passam a serem referências. Tudo que é apreendido
tem a ver com interesses pessoais e necessidades.
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Constata-se que grande parte de nossa identidade é
construída nestes três primeiros setênios da vida e, portanto, pelo aprendizado
que tivemos. Na fase adulta, reconstruímos e refazemos nossa maneira de ser em
vista das demandas do ambiente e da experiência que adquirimos com a vida.
É bom considerar que neste período inicial da vida,
aprendemos também sobre as ‘experiências de aprendizado’, o que, de certa
forma, orientará a disposição que teremos para as futuras situações de aprendizado
na fase adulta da vida.
Mas, ao lado destas disposições internas, temos todas as
diversas e múltiplas condições presentes no ambiente em que vivemos e atuamos.
Elas caracterizam o que podemos chamar de contexto.
Por vezes, estas condições são tão fortes e mandatórias que
superam as nossas preferências individuais (disposições internas). Cabe aqui
uma perspectiva mais geral sobre o atual contexto que estamos vivendo, e vamos
dar ênfase no contexto profissional, para nos mantermos no tema proposto.
“A evolução do
contexto de trabalho - novas tecnologias, novas organizações de trabalho,
gestão, fluxos, transversalidade - induz uma elevação do nível de
profissionalismo e uma recomposição das funções. A polivalência, a
multifuncionalidade e a capacidade de cooperar adquirem cada vez mais
importância. Uma ‘economia da variedade’ está se desenvolvendo. Diante das
exigências incessantes de renovação e de adaptação dos produtos e serviços, e
da necessidade de inovar, torna-se indispensável renovar os conhecimentos e as
competências, colocando-se em situação de aprendizagem permanente”.
(Extraído do livro Desenvolvendo Competências dos Profissionais - Guy Le
Boterf).
“Diante das mudanças
esperadas em tecnologia, biologia, medicina, valores sociais, demografia, no
meio ambiente e nas relações internacionais, com que tipo de mundo a humanidade
poderá se deparar? Ninguém pode afirmar com certeza, mas uma coisa é
razoavelmente certa: contínuos desafios irão convocar nossa capacidade coletiva
para lidar com eles. Deixar de repensar nossas empresas pouco nos aliviará das
dificuldades que enfrentamos hoje: crescente turbulência a nos causar pressões
cada vez mais intensas; crescente falta de integração e forte competitividade
interna; as pessoas trabalhando mais, em vez de aprenderem a trabalhar mais
racionalmente ... Nós somos limitados ao abordar essas questões pela nossa
capacidade de aprendizagem coletiva...”. (Extraído do livro A Dança das
Mudanças - Os desafios de manter o crescimento e o sucesso em organizações que
aprendem - Peter Senge e outros).
Nesses extratos, de autores consagrados sobre o tema
aprendizagem, notamos que o contexto e sua evolução para os próximos anos
indicam que será de contínuas e aceleradas mudanças. Tal constatação impõe para
todo profissional a necessidade de mudanças e, por decorrência, de aprendizados
de novas formas de pensar, sentir e agir no ambiente profissional. Mas fica claro, também, que existem dois
tipos de demandas e elas estão interagindo neste contexto. Temos aquelas que
estão diretamente ligadas a aprendizagem individual do profissional e aquelas
que estão presentes como necessidades coletivas do ambiente organizacional.
No próximo post vamos continuar falando sobre este contexto
e das necessidades de aprendizagem que ele traz para os líderes.
Muito interessante, Zuvela. Eu destacaria a importância da educação pelo trabalho no contexto da educação dos adultos.
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